As desventuras de Poliana — e da alma humana

Todos os seres humanos crescem buscando alguma coisa que lhes complete e que lhes dê sentido. Ninguém se livra disso. Porque percebemos, desde cedo, que não somos quem deveríamos ser e não estamos onde deveríamos estar. E o modo como essa insatisfação vai se manifestar e como vamos reagir a ela, esse sim, varia de pessoa para pessoa.

No caso da jovem Poliana (e de um número crescente de jovens atualmente), essa insatisfação foi direcionada para a questão da sexualidade e também para a sua identidade de gênero (para usar uma linguagem que se costuma usar no mundo hoje). E, por isso, muitos podem pensar que o documentário sobre essa busca, “As desventuras de Poliana”, que estreou no Univer, seja algo que só interesse a quem também viveu isso ou conhece alguém que viva isso. Quem pensa assim não poderia estar mais errado.

O documentário foi construído de uma forma tão delicada e sutil que, ainda que a história tenha como pano de fundo a homossexualidade e a transição de gênero, não é isso que se destaca. O que se destaca, na verdade, é aquilo que Poliana compartilha com cada um de nós: a sua humanidade.

“As desventuras de Poliana” é a história de um ser humano em busca de si mesmo, em busca de preencher um vazio, em busca da força para enfrentar o inimaginável, em busca de seu lugar no mundo. Sim, ela acreditava que precisava se transformar em Nicolas para ser feliz, mas a história da busca dessa alma transcende tudo o que aconteceu com seu corpo.

Anos desperdiçados com relacionamentos vazios e buscando algo que nem ela sabia o que era. Anos tentando ser outra pessoa, em uma tentativa desesperada de se livrar daquela fragilidade e ser feliz. O ser humano que se sente sozinho, que não pode contar com ninguém, que não sabe como se encaixar neste mundo. Alguém que fere porque foi ferida, e não consegue ter paz, ainda que isso seja tudo o que ela procura. Isso ressoa com nossa própria história, com a trajetória de cada alma que já caminhou por este mundo, ainda que as experiências sejam tão diferentes.

A história da Poliana escancara a alma de tantos jovens que mentem para si mesmos, dizendo que estão vivendo a “verdade deles”, mas também escancara a alma daqueles que estão se escondendo atrás de escolhas que só trazem sofrimento, sejam elas quais forem.

Eu me interesso muito por histórias de destransição de gênero. Poucas vezes encontrei um relato tão honesto e, ao mesmo tempo, tão universal. É um relato de vitória e de esperança. De uma nova vida que começou. E de intensa empatia. Você quer resgatar a Poliana do sofrimento desde o primeiro minuto. E termina querendo vê-la alcançar todos os seus sonhos, e feliz por ver que alcançou o principal — e eterno.

Terminei de assistir ao documentário com uma vontade profunda de ver mais sobre o final dessa história. De avançar para daqui a alguns anos e saber mais sobre a felicidade da Poliana. Espero que possamos fazer isso e atualizar esse material daqui a alguns anos com a história maravilhosa que Deus vai escrever para ela. Quero encontrar a Poliana aos 45, 50 anos, e ouvir o que ela vai ter a dizer. A obra de arte que Deus começou a fazer nessa vida e que ficará cada vez mais bonita, cada vez mais completa, cada vez mais maravilhosa de ver. E quero ver também os frutos que esta história vai trazer… tantas outras Polianas que existem neste mundo, e tantas outras Rafaelas (vai ter que ver o documentário para saber quem é), que vão se enxergar na história das duas, encontrar esperança e, acima de tudo, salvação. Um dos melhores documentários do Univer, que tive a honra de acompanhar. Nem preciso dizer o quanto recomendo.

* Você pode assistir ao documentário no Univer Vídeo ou no canal oficial do Univer no Youtube 

 

Quando tudo sai do script — E ainda assim está tudo bem

A intenção existiu e fiz vários rascunhos para colocar aqui durante o Jejum de Zacarias, mas os dias me atropelaram de tal forma que não sei explicar o porquê sem quebrar o Jejum de Zacarias. Mas as coisas às vezes são assim, acontecem fora do planejamento. Eu tenho uma certa tendência a querer controlar tudo, porque se não fizesse assim, tudo saía do controle de uma forma muito ruim. A dificuldade de diferenciar organização e controle é muito mais comum do que se pensa. Você acha que está sendo organizado, mas, na verdade, está sendo controlador. E combinar isso com a confiança em Deus é um dos maiores desafios.

Estou nessa fase do treinamento desde o final de 2022, quando me dei alta (sim, por conta própria. Um dia conto essa história) e voltei ao trabalho. Logo Deus me tirou da zona de conforto e me colocou para fazer um trabalho que eu não sabia por onde começar. E lá fui eu, em um barco que eu não sei dirigir, tendo que aprender que confiança em Deus não é algo que você diz que tem enquanto segue fazendo as coisas do seu jeito, mas sim algo que precisa ser exercitado nas suas decisões diárias de NÃO TER MEDO. Não ter medo de nada. Nada mesmo.

Não ter medo quando as coisas saem do controle. Não ter medo de fazer o que você acha que não sabe/ não pode/ não consegue fazer. Não ter medo de dizer o que precisa ser dito — e de não dizer o que não precisa ser dito. Não ter medo de assumir desafios. Não ter medo de não saber o que vai acontecer. Não ter medo de acreditar que está sendo cuidado por Alguém que só quer o seu bem. Não ter medo de dizer não. Não ter medo do que vão pensar, do que vão achar, de como vão reagir… Não ter medo, não ter medo, não ter medo.

O medo não é só antônimo de coragem. O medo é o contrário de fé, é o contrário de confiança, é o contrário de tranquilidade, é o contrário de paz, é o contrário de tudo o que tem a ver com Deus. “No amor não existe medo. O perfeito amor lança fora todo o medo. E aquele que tem medo não é perfeito em amor”, diz a Bíblia. Só amamos a Deus quando aprendemos a confiar nEle, a entregar a Ele toda a nossa vida, todos os nossos dias, todas as nossas escolhas e todos os nossos problemas sem ter medo. Eu escolho não ter medo porque Ele está comigo. Porque sei quem Ele é, escolho confiar e me manter em paz, ainda que tudo saia fora do script que escrevi para mim. Eu lá sei o que é que Ele escreveu para mim? E Ele é um escritor muito mais eficiente e um roteirista bem mais talentoso e brilhante do que eu jamais conseguiria ser.

Sei das minhas limitações. Deus me livre de viver uma história escrita por mim. E quando entendo que a história que eu quero viver é a que Ele escrever, a melhor coisa que posso fazer é descansar e aproveitar a oportunidade incrível de estar dentro dessa história. E esperar para ver quantas outras coisas maravilhosas e inspiradoras Ele vai colocar nas próximas páginas, e quantas histórias legais terei para contar.

No final das contas, isso é fé, meus amigos. A certeza do que se espera. A convicção de que, mesmo sem ver agora, os novos episódios estão sendo escritos. O firme fundamento daquilo que sei que irá acontecer: tudo o que Ele já prometeu. O melhor desta Terra e, principalmente, o melhor da Eternidade.

 

 

 

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PS. Estou me desafiando a manter alguma regularidade no blog neste Jejum de Daniel. Se tenho algo a meu favor é isso: o terrível hábito de nunca desistir.

PS2. Sobre o Jejum de Zacarias: continuo nele. Não terminou, até porque meu objetivo é conseguir completar pelo menos 21 dias SEGUIDOS sem reclamações e negatividade…

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