Entre a Verdade e os prêmios de consolação

Resolvi comentar aqui algumas coisas que tenho visto e que têm me ajudado. Do programa de ontem da Jornada ao Moriá (aquele que tem a ex-oração da meia-noite, que não é mais meia-noite. Começa às 22h30 e vai até 23h), eu queria destacar dois pontos que chamaram muito minha atenção. Primeiro, o que o Bp Adilson disse, sobre a diferença entre o religioso e o filho de Abraão. O religioso olha para a vida dele, não vê a promessa se cumprir e encara isso como normal. Mas o filho de Abraão não vê como normal, ele persegue até que aquilo se cumpra.

E faz todo sentido, porque, se você for pensar, se a Palavra de Deus é a verdade, se Deus não mente, então qualquer coisa que estiver diferente do que Ele disse, não pode ser verdade. Não é? Então, acho que deve ser até ofensivo para Deus alguém aceitar um vazio na sua vida enquanto Ele já deu alguma promessa com relação a esse vazio. Por exemplo, seria ofensivo Abraão se conformar com o fato de não ter um filho, se Deus já havia prometido que ele seria pai de uma grande nação. Seria o mesmo de chamar Deus de mentiroso.

A pessoa achando que está parecendo muito crente ao aceitar o sofrimento, mas na verdade está ofendendo a Deus, dizendo que Ele mentiu na Palavra dEle, que Ele não é confiável…

Parece exagero? Mas não é. Se você acha que Deus age com você diferente do que Ele diz que age na Bíblia, então você está dizendo que Deus mudou. E na Bíblia Ele diz que não muda. Então, se você acha que Deus muda, você está chamando Ele de mentiroso. A única forma de não ficar ofendendo a Deus, é crer na Bíblia como verdade, e seguir essa fé, mesmo que pareça uma coisa doida. E foi o que Abraão fez. Não com a Bíblia, obviamente, porque não tinha Bíblia no tempo dele. Mas com a palavra que ele ouviu de Deus, que, na verdade, é a mesma coisa. Tanto que tem uma parte em que Deus diz que Abraão andou em Seus estatutos e em Suas leis. Como, se Abraão é anterior à Lei? 

Acontece que a Palavra de Deus — falada, escrita ou pensada — é a mesma desde sempre, ela não muda. E o padrão de conduta exigido por Deus não surgiu com Moisés. É andar na justiça, que Ele colocou dentro do ser humano. Moisés só escreveu o que o ser humano sempre deveria ter feito, mas o padrão do que devemos fazer e ser está gravado em nosso DNA, no mais profundo e mais ancestral. 

A Palavra é a verdade. E não podemos encarar como normal o que se desvia da verdade. Tomando o meu exemplo, quando a pessoa recebe um diagnóstico de doença rara, ela recebe junto um decreto de conformidade. O primeiro passo — dizem eles — é aceitar a doença. O primeiro passo para quê? O primeiro passo para continuar doente, isso sim. 

Até entendo a ideia. Se você não aceitar, vai sofrer, porque eles dizem que o problema não tem cura, que não tem jeito. Mas o que a pessoa não entende é que para aceitar a doença, eu tenho que primeiro aceitar que é verdade a palavra que ELES DIZEM, que a tal doença não tem cura e que não tem jeito. Mas se eu aceitasse isso, estaria indo contra a Palavra de Deus, que diz que Ele cura. E aí? É uma escolha a se fazer. 

São duas palavras e não tem como as duas estarem certas, porque são opostas. Eu tenho que fazer uma escolha. E fiz uma escolha. Ainda que eu passasse a vida inteira inconformada, nunca iria aceitar a doença como normal. E quando você não aceita, o natural é começar a buscar uma forma de resolver aquele problema. Se não é possível resolver com os recursos naturais, na força do braço, então parte para a fé (se bem que o nosso normal deveria ser partir para a fé em qualquer situação). E eventualmente descobre como fazer ela funcionar e dar resultado. 

O outro ponto que me chamou a atenção foi quando o Bispo Renato disse sobre ter algo que não satisfaz no lugar daquilo que você tanto queria. São os prêmios de consolação da vida. Abraão não tinha um filho, mas tinha um bom servo para ser seu herdeiro. Muita gente aceita o problema porque se conforma com o prêmio de consolação. E tem medo de não aceitar e se frustrar ao buscar o cumprimento da promessa. Não quer encarar o real problema: ela não crê. Só quem realmente crê encara o desconforto de sair do lugar quentinho da conformidade. Sei que não é fácil encarar essa realidade. Mas não encare isso como acusação, de forma alguma. Descobrir que não crê é o primeiro passo para conseguir crer. 

E para quem já crê, mas ainda não viu a promessa se cumprir, o segredo é seguir os passos de Abraão. Para começar: obedecer e perseverar. Se recusar a aceitar o problema e se recusar a desistir. Cobrar a Deus, conversar com Ele, aproveitar para estreitar esse relacionamento tão importante e tão necessário.

Para assistir ao primeiro vídeo da Jornada ao Moriá, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=LZzatJ5Z0JU

PS. Vou continuar comentando aqui os temas do programa Oração da Jornada ao Moriá, que passa ao vivo às 22h30, porque Deus tem falado muito comigo sobre a história de Abraão e tenho certeza de que vai falar com você também.

PS2. No trabalho, já estamos vivendo essa fé há algum tempo, então este assunto está na minha cabeça 24 horas. Acho que é legal trazer para cá esses conteúdos que têm sido parte do meu dia a dia.

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