Categoria: Jejum de Daniel

O Espírito e o sentimento

“Eu já li o livro “Bom dia Espírito Santo”, mas confesso somente absorvi o fato de aprender a tratá-Lo como pessoa, o que eu não fazia. O livro não teve influência no meu comportamento em sensações, pois tenho orado e pedido a Deus entendido para obedecer a Sua palavra e fazer a Sua vontade. Mas o que gerou dúvida aqui foi: como a irmã fala sobre experiência sobrenatural que não pode ser, mas nós sentimos a presença Dele, meu Deus tudo que senti é carne, falei em línguas ( e sabia o que falava), senti uma alegria que parecia não ter fim, estou tão confusa, porque eu sinto a presença do Espírito Santo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, sinto Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. “[…] vou derramar meu Espírito sobre todo tipo de gente – Seus filhos vão profetizar e também suas filhas. Seus jovens terão visões e seus velhos terão sonhos. Vou derramar meu Espírito até sobre os escravos, tanto homens quanto mulheres” (Jl 2.28-29). Mas pareceu tudo irreal ao ler a resenha. Como se as sensações que tive foram mentiras. E eu sinto Ele comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.”

Rosângela

Rosângela, se você está buscando em Deus entendimento para obedecer à Palavra dEle, então com certeza Ele lhe dará. Vou tentar explicar melhor, espero que esclareça sua dúvida. Sim, falar em línguas é um dom do Espírito Santo e, como humanos, podemos ter emoções relacionadas à experiência sobrenatural. Sentir-se bem na presença de Deus é natural também, afinal de contas, Ele é Deus, não tem como nos sentirmos mal em Sua presença. Isso, porém, não é indicativo de que Deus está conosco ou não.

Se em vez de “porque eu sinto a presença do Espírito Santo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, sinto Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. […] eu sinto Ele comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.” o que você quis dizer foi “porque eu sei que o Espírito Santo está comigo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, tenho Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. […] eu sei que Ele está comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.”, significa que sua certeza independe do que você sente. Se um dia acordar desanimada, com TPM, vendo tudo cinza, ou se algo acontecer e virar sua vida de cabeça para baixo, sua convicção se manterá e você correrá para falar com Deus, sentindo a presença dEle ou não, porque SABE que Ele é com você em TODO o tempo. Mas se você realmente quis dizer o que disse, aí tem toda razão de estar confusa, pois está misturando sentimento e fé.

Podemos não sentir a presença de Deus em algum determinado momento, mas se a Palavra dEle afirma que Ele está conosco, Ele está conosco, mesmo quando não O sentimos. É um problema quando a pessoa fica querendo definir sua vida espiritual pelo que sente ou deixa de sentir. Se sente a presença de Deus, sua fé fica forte diante dos problemas, mas se por alguma razão não sente a presença de Deus, então se inunda de dúvidas e se enfraquece. A fé bíblica não é assim, ela não é definida por sentimentos e sensações. Ela não pode depender de sentir ou deixar de sentir. E é justamente por isso que o Espírito Santo não pode ser medido pelo que sentimos ou que não sentimos. O que nos mostra que alguém foi batizado é a presença da totalidade do Fruto do Espírito (e a ausência dos frutos da carne):

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Gálatas 5.19-22

A alegria (gozo) que faz parte do fruto do Espírito não é um sentimento, é um estado constante. Durante a busca, podemos, sim, sentir uma alegria extrema, podemos até chorar de emoção. Como eu disse, somos humanos. Mas a Alegria que define a presença do Espírito é muito mais profunda do que uma simples emoção. A palavra usada para descrevê-la significa algo como “prazer calmo”, é um preenchimento profundo que nos acalma e dá prazer permanente.

O amor do fruto do Espírito também não é um sentimento. É uma disposição de espírito que nos leva a dar aos outros aquilo que desejaríamos receber (o amor de 1 Coríntios 13, por exemplo, não é um sentimento, pois é contrário à inclinação egoísta do coração humano). A longanimidade do fruto do Espírito é uma força espiritual paciente, que nos permite suportar o que nosso impulso emocional jamais permitiria, mesmo com toda a paciência do mundo. A benignidade do fruto do Espírito é a integridade de caráter e a bondade é aquela expressa no cuidado com os outros.

A paz do fruto do Espírito é o descanso profundo da alma, que independe do que acontece do lado de fora. Está ligada à confiança na Palavra de Deus e é o contrário de ansiedade e desespero. A mansidão do fruto do Espírito é um caráter humilde, ou seja, o contrário do orgulhoso e inflexível. O manso sabe ouvir, obedece a Deus e reconhece seus erros.

A fé é a convicção daquilo que não se vê. É a certeza. O contrário da dúvida. Ela também independe do que se sente ou do que se vê, porque é definida pela convicção do que não se vê. A pessoa pode estar sentindo e vendo o contrário, mas nada disso muda o que ela crê. E a temperança é o autocontrole, o domínio de si mesmo, a capacidade sobrenatural de controlar suas ações, reações e temperamento.

Como vê, absolutamente NADA do Fruto do Espírito tem relação com sentimento ou emoção. É tudo do Espírito, afinal, e não do coração. Esse é o critério que a Bíblia nos dá para avaliar a presença do Espírito Santo em nós. Se temos todos esses traços de caráter, temos o Espírito Santo. Se não temos essas características, não O temos em nós.

Aliás, foi justamente isso que me levou a enxergar que não tinha o Espírito Santo — e passar a buscá-Lo pelos motivos certos. Já tinha sentido a presença de Deus, já tinha sentido isso e aquilo, mas era uma pessoa que não tinha domínio próprio, nem alegria, nem paz, muito menos mansidão e longanimidade, e a fé tinha altos e baixos, pois estava ligada ao que eu via e sentia.

Um dia essa Palavra veio do Altar e me acertou em cheio, como uma panela atirada na minha cabeça. Na mesma hora, vi que tudo aquilo que achava que tinha sido experiência com o Espírito Santo não tinha valor. Não importava se eu tinha sentido isso ou aquilo; enquanto não tivesse o caráter dEle em mim, eu não O tinha. De que adiantava sentir ou deixar de sentir? Eu só seria dEle quando O tivesse. E por isso eu abriria mão de minha própria vida — e foi exatamente o que fiz. Ainda demorou algum tempo até que eu recebesse o Espírito Santo, mas quando O recebi, entendi que aquilo que Ele trazia era muito superior a qualquer sensação que eu tinha tido no passado. Sério, mesmo, não tem comparação.

Sem o que tenho hoje, não teria resistido a metade da metade do que já passei. Ele vive em mim. Seus pensamentos, Sua forma de ver o mundo, Sua maneira de reagir e de agir são muito mais fortes em mim do que aquilo que me era natural. E eu posso estar passando por dificuldades, posso estar triste, posso estar feliz, posso estar brava com alguém, posso estar casada, posso estar solteira, posso estar doente, posso estar saudável, posso ter recebido uma péssima notícia, posso estar com um problema aparentemente sem solução — não importa. Pode passar o pensamento que for na minha cabeça. Não importa. Eu SEI que Ele é comigo. E essa é a alegria que ninguém pode tirar. NINGUÉM. 

“Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.”
João 16.20-22

.

Leia também: O deserto em mim

.

PS1. Dito isso, reforço o que afirmei na resenha do livro do Benny Hinn: quanto a “cair no poder”, sentir choques elétricos, ver vultos, ouvir vozes e ser possuído por um espírito que fala como Deus, isso, de fato, não é manifestação do Espírito Santo. Talvez a linguagem da resenha seja um pouco incisiva demais e soe um tanto quanto desrespeitosa para quem acha que o cara é de Deus. Talvez se fosse hoje, eu escrevesse de outra forma, não sei. Mas mantenho o conteúdo e espero que agora esteja mais claro o que eu quis dizer.

PS2. Imagino que a Rosângela seja de outra denominação e talvez nem volte para ler a resposta, mas acredito que esse post possa ajudar outras pessoas a separar sentimento de espírito e entender que não é por não depender de sentimento que o Espírito é sem graça ou menos especial. Experimenta só, para você ver.

 

 

#JejumdeDaniel #Dia2 #Dia3

.

Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel, de 25 de janeiro a 14 de fevereiro. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .

Cuidado com as casquinhas de banana

4b5983cb-d11f-4367-ae00-9878431dcfba

Pensamentos aparecem o tempo todo. Quer venham por sugestão de pessoas, quer pelo que a gente vê ou ouve, ou quer venham do nada, não conseguimos impedir. Mas não é porque um pensamento chegou que você precisa chamá-lo para tomar um café com bolinhos e bater papo com ele.

Estava meditando naquele famoso versículo que a gente já conhece de cor:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

Filipenses 4.8

O que traduziram por “nisso pensai” na versão Fiel e por “seja isso o que ocupe vosso pensamento” na Revista e Atualizada, significa, literalmente, “levar em consideração. Quer dizer, o que não está nessa lista, não deve nem ser levado em consideração.

Vou dar um exemplo bobo de hoje, mas é nas coisas bobas que a gente escorrega sem perceber. Já caí nas micro casquinhas de banana do diabo no passado vezes suficientes para levá-las a sério. Olha só: o gato ao qual eu era mais apegada morreu em junho, após um breve período doente. Sofri na época, mas foi em junho e não fico olhando fotos dele, logo, não faz sentido isso vir à minha cabeça agora. Mas hoje, do nada, me veio a vontade de pensar nele. Pensamentos do tipo: “puxa, que saudade do Tiggy!”, tentando me fazer puxar lembranças dele. Se eu não estivesse atenta, provavelmente teria dado continuidade àqueles pensamentos, me lembrando dele, talvez olhando uma foto, e desviando minha atenção do que eu estava fazendo no momento para pensar em algo que só alimentaria minhas emoções com tristeza.

Aparentemente, pensar no gato era uma coisa inofensiva. Que mal faz lembrar de alguém de quem você gostou e com quem passou momentos felizes? Porém, o problema é o que isso traria. Eu poderia dizer que consigo lidar com isso, que não vai me causar nada de ruim, pois sou forte. Assim, conseguiria uma justificativa para fazer o que estava sentindo vontade de fazer. Mas não acho prudente confiar na minha força em se tratando de um pensamento que não me ajuda em nada.

Não me custa muita coisa dizer NÃO para a vontade de lembrar do gato, né? Eu não preciso disso. Sabe-se lá quais outros tipos de pensamentos e lembranças poderiam vir se eu abrisse a porta para esse (aparentemente inofensivo). Pensamentos dão filhotes, como casaizinhos de hamster (meu irmão me contou que comprou um casal e poucos dias depois já tinha uns 22 hamsters em casa…).

Ficar pensando em algo que já passou, que tem potencial de gerar tristeza/drama, não é a coisa mais inteligente que eu poderia fazer e, portanto, não se encaixaria nessa listinha de Filipenses 4.8, porque não há nenhuma virtude e nenhum louvor em fazer uma coisa que não é inteligente e que poderia me deixar triste, abatida, desanimada ou, no mínimo, com inclinação para o sentimento em vez de para a inteligência (e, se eu falasse crentês, poderia dizer: “com inclinação para a carne em vez de para o Espírito).

Hoje é o primeiro dia do Jejum de Daniel, então qualquer pensamento ou sentimento suspeito deve ser encarado como terrorista. Não se negocia com terrorista. Chame o atirador de elite chamado Sr. SAI DAQUI EM NOME DE JESUS e nem considere aquele pensamento. Eu já sei, previamente, que tudo vai tentar me desviar do foco, principalmente nesses primeiros dias. Então, sabendo disso, deliberadamente escolho só levar em consideração o que vai me ajudar.

Li a Bíblia, orei pela manhã, ao meio-dia e à tarde. Para o trabalho, passei horas lendo trechos de um livro novo de um bispo da igreja, que ainda não foi publicado, depois assisti a alguns episódios do Estudo do Apocalipse no Univer e, no final do dia, assisti à novela Apocalipse. O foco de absolutamente tudo o que vi hoje foi um só: vigiar os pensamentos, não considerar a palavra do diabo e dar crédito apenas à Palavra de Deus. Essa, aliás, nos garante que se nos sujeitarmos a Deus e resistirmos ao diabo, ele vai sair correndo.

 

 

.

PS: Sobre o livro novo da igreja (sim, eu leio seus pensamentos hahaha), acho que ainda não posso dizer qual é, pelo menos não me parece de bom tom divulgar antes do autor, né? Mas deve estar nas livrarias muito em breve e prometo que, assim que puder, aviso do que se trata. E recomendo fortemente que você leia esse livro, mesmo que, aparentemente, você pareça não ser o público-alvo. Vá por mim, o conteúdo que tem ali pode ajudar qualquer pessoa.

PS2: Aliás, recomendo que você desconsidere completamente esse negócio de “público-alvo” em relação aos livros da igreja. Soube de gente que nunca tinha lido Namoro Blindado por já ser casada e achar que não precisava! Não faça isso com você. Namoro Blindado me ajudou até no relacionamento comigo mesma. É sério, me tornei uma pessoa melhor depois de Namoro Blindado. Casamento Blindado revolucionou meu casamento, mas também me ensinou a entender melhor as outras pessoas. E 50 Tons Para o Sucesso me ajudou a crescer como pessoa, mesmo que na época eu não estivesse minimamente interessada em empreender, abrir meu próprio negócio ou conquistar o mundo e mais três territórios à minha escolha. Vá por mim, se o autor tem conteúdo para passar, até a lista de supermercado será edificante.

Leia também: Você não precisa disso.

#JejumdeDaniel #Dia1

.

* Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel, de 25 de janeiro a 14 de fevereiro. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .