Categoria: Jejum de Daniel

Jejum de informações — você não perde nada

RESOLVA-O-PROBLEMA

Jejum de informação faz bem a qualquer pessoa. Você não fica alienado (pelo contrário…) e nem perde nada com isso, principalmente se substituir essa superestimulação das emoções por conteúdo que alimente seu espírito. É incrível o poder transformador de separar três semanas para se dedicar ao que realmente importa. Alienados são os que passam 365 dias do ano (366 este ano, que é bissexto) se alimentando diariamente do conteúdo da TV, jornais, revistas e sites sem parar para pensar. E não se engane, é impossível conseguir pensar no meio do turbilhão.

Inevitavelmente, os textos falados e escritos dirigem sua interpretação para onde querem se você não aprender a desenvolver seu senso crítico. E senso crítico só se desenvolve no silêncio. É preciso silêncio para pensar, refletir, avaliar. A sociedade da correria irracional nos leva a não pensar. Milhões de vozes em nossa cabeça o dia inteiro: os sites que vemos, as informações superficiais em forma de pílula nas redes sociais, as notícias a respeito da vida dos outros (e que não fazem a menor diferença na nossa vida), os programas de TV, as frases que as pessoas compartilham nas redes sociais e as notícias que não temos tempo de pesquisar se são verdadeiras ou não, mas que nosso cérebro acaba aceitando como verdadeiras, quer alguém as desminta depois, quer não.

Aquele rádio ligado 24 horas em nossa mente nos traz a sensação de que estamos sabendo alguma coisa, fazendo alguma coisa, aprendendo ou compartilhando alguma coisa. Porém, isso é ilusão. Você tem a sensação de que está fazendo algo e viver checando redes sociais, whatsapp e e-mails inunda de dopamina o seu cérebro, em um mecanismo muito parecido ao do vício. Essa espiral maluca nos deixa comprovadamente mais ansiosos, mais depressivos e mais burros.

Uma das coisas nonsense que ouço quando comento o conceito de jejum de informações é que vou ficar alienada. “Como pode ficar 21 dias sem saber o que está acontecendo no mundo?” Quem entende como as notícias funcionam sabe que nós já ficamos sem saber o que está acontecendo no mundo, ininterruptamente. Temos a ilusão de que estamos sabendo, mas, na verdade, só sabemos o que alguém decidiu que deveríamos saber. E, geralmente, as notícias chegam até nós pela metade, superficiais e tendenciosas.

Na correria de dar o “furo” ou de não ser o único veículo a não noticiar o que todos os outros estão noticiando, os jornais nos soterram com informações completamente inúteis, repetitivas, mal apuradas ou incompletas. Os programas de TV, pior ainda! Para manter a audiência, apelam para nossas emoções. Os dramas, a abordagem sensacionalista, os suspenses sem fim para impedi-lo de mudar de canal durante o intervalo…

Depois de um tempo desconectado, você consegue enxergar melhor as estratégias que estão por trás das coisas a que assistimos. Dia desses, vi um programa em que o apresentador viajava para “fazer uma surpresa” a uma senhora pobre. O que me chamou atenção naquele programa e em outros a que fui obrigada a ouvir em salas de espera (a única maneira de me obrigar a ouvir os programas matinais da Globo) é que os apresentadores parecem conversar com crianças pequenas ou com pessoas com problemas mentais. É sério. Eu fiquei assustada com isso.

Estou acostumada a acompanhar vídeos sérios e, na TV aberta, A Escola do Amor, em que os apresentadores falam como adultos e para adultos, então achei que o problema fosse o tal apresentador. Mas não era, pois, como eu disse, vários outros programas, em emissoras diferentes, tinham a mesma linguagem.

As pessoas não percebem que estão sendo tratadas como se não tivessem capacidade cognitiva de acompanhar um programa para adultos? Não percebem o esforço de imbecilização, o tratamento superficial e exageradamente emocional dado às “notícias”? Não percebem o quanto programas de TV fazem de tudo para encher linguiça, tirando proveito da sua curiosidade ou o quanto sites de notícias as enchem de matérias inúteis e lixo reciclado do dia anterior?

Não percebem quando o jornalista sequer se deu ao trabalho de revisar o texto que escreveu, fazendo tudo correndo, pela ânsia estúpida dos portais que querem dar notícia “minuto a minuto”? Não percebem que suas opiniões a respeito de tudo são moldadas com base no que esses veículos oferecem? Veículos que nos veem como idiotas e que nos tratam como idiotas? Defendo o bom jornalismo como quem defende um bichinho em extinção. Mas faço crítica feroz à porcaria que nos vendem hoje como jornalismo, sem conteúdo e usada como arma nas mãos de quem quiser manipular aqueles que sinceramente acreditam estar se informando.

Felipe Pena, em seu excelente livro “Teoria do Jornalismo”, sugere: “Pegue o jornal de hoje e compare-o com a edição do mesmo dia do ano anterior. Houve alguma variação de assunto? Faça a mesma coisa com uma edição de dez anos atrás. Se você mora no Rio de Janeiro, como eu, posso até dizer quais são as pautas: crise na economia, corrupção na política, violência nas ruas, agenda do presidente da República e do governador, o domingo de sol na praia e notícias sobre os times de futebol. Enfim, como diria Cazuza, ‘um museu de grandes novidades'”. 

Infelizmente, as coisas estão assim. Não perderemos nada nesses 21 dias em que nos afastaremos dessa loucura. Como Steve Chandler bem pontua em seu “100 maneiras de motivar a si mesmo” (uma das maneiras é justamente fazer um jejum de notícias), “Não tenha medo de perder alguma notícia relevante. Você ficará sabendo dos fatos mais importantes, como uma guerra, um desastre natural ou um assassinato, tão rapidamente quanto se estivesse com a TV ligada no noticiário”.

Alguém uma vez me perguntou (é sério): “E se o mundo acabar? Você nem vai ficar sabendo!”. Vamos ignorar a falta de sentido dessa pergunta (rs). Mas aproveitando o tema, se o mundo realmente acabasse nos próximos 21 dias, de que adiantaria toda a informação que temos consumido? Prefiro reservar três semanas do meu ano para dar atenção ao que realmente importa. Ao que realmente faria diferença para mim se o mundo acabasse nos próximos dias.

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PS: Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .

 

Dica para aproveitar o tempo sem TV

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Depois que você se livra do vício de TV e redes sociais, ganha um tempão que não existia antes. O que fazer com ele? É o que a leitora Francianne de Fátima me pergunta:

“Por morar sozinha e não ter com quem conversar (de carne e osso…rs), assistir televisão era o que me entretia. Mas hoje vejo que não preciso me entreter com coisas perecíveis e que não me acrescentam nada.(…) Imagine-se numa casa, sozinha, o dia inteiro, no maior silêncio (me refiro aos sábados e domingos), sem poder ver qualquer programa. Não é fácil, mas é extremamente produtivo e fortalecedor. Sobrevivi sem esse “entretenimento” e não quero mais me prender. (…) Se você puder me dar umas dicas de como aproveitar o meu tempo nesses dias em que fico em casa sozinha, será de muita alegria. Não quero recorrer à televisão e quero deixar de ver novelas.”

Coincidentemente, nem preciso me imaginar nessa situação. Além de passar por isso quando meu esposo viaja, ao vir para São Paulo fiquei três (longos e intermináveis) meses sozinha em casa, até que ele pudesse vir definitivamente. E eu nem tinha televisão. Agora tenho, mas quando meu marido está fora, ela tira férias rs. Vive desligada. E a melhor dica que posso dar é a que também aplico: Livros! 😀

Para começar a desenvolver o hábito de ler, duas coisas são necessárias: sacrifício e bons livros. Não tente começar a ler com um livro chato ou desinteressante. Vai achar que o problema é você e desistir. E vá a um oftalmologista, para ver se tem astigmatismo ou alguma outra ametropia. Se tiver, use os óculos que ele recomendar para ler, ainda que ele diga que é pouquinho e não precisa. Eles dizem isso para mim, mas se leio sem óculos por muito tempo, sinto sono e dor de cabeça por causa do astigmatismo.

Como leio muito, meu problema é falta de tempo para a quantidade de coisas que quero ver. No começo, pode demorar um pouco para engrenar, mas não desista! Quando perceber, passaram-se horas e você nem se deu conta. Além de tudo, a leitura é uma espécie de musculação para o cérebro, literalmente. Seus neurônios fazem mais conexões, sua memória é estimulada…ler exercita seu cérebro como nenhuma outra atividade é capaz de fazer.

Nosso cérebro não sabe diferenciar experiências vividas de experiências imaginadas, então ele absorve o que você lê como se realmente tivesse vivido aquilo (escolha bem suas leituras rs). O resultado é inteligência desenvolvida e muito mais experiência de vida do que você de fato tem. E, se é uma leitura cristã de qualidade, ainda tem o plus de aprimorar o seu espírito de uma maneira muito mais intensa, pois a palavra escrita fala diretamente ao nosso espírito.

Desenvolver sua habilidade de leitura faz com que você consiga entender melhor até a Bíblia. É claro que você precisa do Espírito Santo para dar interpretação correta do que está escrito, mas precisa também de um cérebro bem calibrado (Ele fez o cérebro da gente por algum motivo, né? Não é só para fazer peso dentro da caixa craniana). Faça a sua parte, pelo menos. Olha esse cidadão cara-de-pau que se dizia pastor e garantia que a Bíblia mandava adulterar…cérebro descalibrado dá nisso:

 

(Vergonha alheia…) A religião se alimenta da ignorância. Por isso, o apelo de Deus é à inteligência…completamente contrário ao da religião. Ele quis criar uma nação de seres pensantes e não uma estrutura religiosa. Amo o jeito que a Bíblia King James descreve o apelo dEle em Isaías 1.18: “Come now, and let us reason together”… “Venha agora e raciocinemos juntos”. É um apelo à razão…Deus dizendo: “amiguinho, pensa aqui comigo”. Acredito que por isso Ele sempre deu tanto valor à leitura e à escrita. Ele sabe muito bem como as coisas funcionam.

Outra coisa que a leitura traz: você amplia o vocabulário e sua capacidade de se comunicar, o que é extremamente importante para cristãos que pretendem continuar vivendo no planeta terra, no meio de terráqueos. Vai conseguir se expressar melhor por escrito e até mesmo oralmente. Vai aprender a dominar as palavras e perceber que falar difícil não é falar bonito rs. O mais importante é se comunicar em uma linguagem que seja claramente compreendida, sem margem para confusão. E a leitura nos ajuda a selecionar bem e naturalmente nossas palavras.

O mundo não vai entender. Mas o mundo é burrinho, não entende nada, mesmo. Esses dias li um trechinho de algo que escrevi em meu diário aos 16 anos, comentando sobre o livro que estava lendo, “O Legado de Schindler”:

“Até hoje enfrento a ignorância do povo (…) algumas perguntas idiotas como: ‘Ler por ler?’ e ‘ tem de estar com a cabeça muito boa para ler porque deve ser difícil de entender’ ou ‘ ler pra quê?’, ‘ para que você quer saber sobre isso?’ e até ‘se não é trabalho de escola, que importância isso tem?’ As pessoas estão cada vez mais ignorantes e fúteis, os mais velhos se espantam mais com o fato de eu ser uma adolescente de 16 anos sem namorado, que lê um livro chamado ‘O legado de Schindler’ sobre a história de alguns sobreviventes do holocausto que estavam na lista e escreve um romance ambientado na segunda guerra mundial, do que eu com o fato de eles não entenderem nada disso.”

Se já estava assim vinte anos atrás, imagina agora! E isso eu ouvia de pessoas de todas as idades… Com todo esse “incentivo” da sociedade, que praticamente diz que, se você lê, é um alienígena de três olhos e cinco braços, outra coisa que a leitura desenvolve é a sua personalidade definida. Você lê porque sabe que é importante para você e não está nem aí com a opinião de quem acha que saudável é ficar obcecado por ver mensagens em um aparelhinho a cada cinco minutos. Esse povo fragmenta a atenção de tal forma que se torna superficial e facilmente manipulável.

Por isso, a partir desta semana, retomarei as resenhas de livros no blog. 😀 A ideia é fazer pelo menos uma vez por semana e abordar vários gêneros. Também pretendo fazer aquelas resenhas dos “Livros que não são o que parecem”, pois, tem muita propaganda enganosa por aí, principalmente na estante de livros cristãos.

Além de falar do livro, vou mostrar o que ele tem a passar (sem grandes spoilers, of course) ou o que ele passa de errado e qual é o certo rs. Mais ou menos o que eu fazia no blog da Cristiane, mas de forma mais resumida, condensada, objetiva, até para conseguir, de fato, fazer resenhas com uma periodicidade decente.

Aliás, o hábito de ler me deu ferramentas para escrever. Essa prática também nos ajuda a conseguir desenvolver melhor os argumentos e fazer bom uso das ferramentas mentais que Deus nos deu. Não importa seu grau de escolaridade ou se teve experiências anteriores desastrosas com a leitura. Não há critérios sobrenaturais para alguém se tornar um leitor. Como tudo na vida, basta a sua decisão e comprometimento com a causa. Que tal esse novo desafio para 2016? 🙂

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#JejumdeDaniel #Dia21

PS: Para quem tem preguicite, recomendo a leitura de “Como vencer a preguiça de ler”: http://blogs.universal.org/cristianecardoso/pt/como-vencer-a-preguica-de-ler/

PS2: Mas, pelamor, né, quem acompanha este blog diariamente não pode dizer que tem preguiça de ler rs. Já está fazendo um belo aquecimento para sua vida de super leitor. 😀

PS3: Meu comentário sobre o tiozinho do vídeo:

 

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