Categoria: Sem categoria

A fazenda que Lulinha não comprou

Retirado daqui: http://www.terra.com.br/revistadinheirorural/edicoes/44/artigo92975-1.htm

Junho de 2008

“A fazenda que Lulinha (não) comprou

Na internet, circula o boato de que o filho do presidente Lula comprou uma megafazenda. Verdade? Confira a seguir e saiba tudo

IBIAPABA NETTO

LUCIANA PREZIA/AE
E-MAIL APÓCRIFO: mensagens como a acima transcrita, viraram moda em todo o País

Não é de hoje que se conhece o ditado de que “cada um que conta um conto, aumenta um ponto”. E, como o brasileiro gosta de uma boa história, algumas mentiras se tornam verdades, às vezes até mais divertidas do que a própria realidade. Nem mesmo o mundo rural está livre das boatarias que hoje percorrem o mundo em mensagens eletrônicas via internet. Todas, é claro, sem a identificação da autoria.

Quem sentiu na carne os efeitos de um boato bem contado foi o criador de nelore puro de origem José Carlos Prata Cunha, dono de terras em Valparaíso, interior de São Paulo. Circula na internet um e-mail que conta a história de uma fantástica operação em que o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o “Lulinha”, teria comprado a sua principal área, a Fazenda Fortaleza, por R$ 47 milhões. “Isso é tudo bobagem, nunca vendi minha fazenda e, na verdade, nem oferta cheguei a receber”, esclarece Prata Cunha à DINHEIRO RURAL. “Tratamos isso como piada”, reforça Leonardo Badra, sócio de Fábio Luís na empresa de jogos eletrônicos Gamecorp.

Mas de onde, então, nasceu essa curiosa história?

DIVULGAÇÃO
O VERDADEIRO DONO: José Carlos Prata Cunha, proprietário da Fazenda Fortaleza, diz que nunca recebeu uma oferta de compra pelas suas terras

Para Fernanda Prata Cunha, filha de José Carlos, que acompanha de perto os problemas derivados do “boato rural”, a confusão nasceu de uma sondagem imobiliária. “Realmente fomos procurados por um grupo que se disse representante do filho do presidente”, explica. Mas, comenta a fazendeira, a notícia rapidamente caiu “na boca do povo”, os e-mails começaram a circular e nunca houve, na prática, algo que se aproximasse de uma oferta de compra.

A fazenda não foi vendida, porém, a dor de cabeça dura até hoje. “Tivemos de modificar a entrada da fazenda e proibir a entrada das pessoas”, lamenta Fernanda. Segundo ela, a propriedade virou uma espécie de “ponto turístico” em Valparaíso. “As pessoas param para tirar foto e as brincadeiras por causa da suposta venda que não aconteceu são constantes”, diz. De certa forma, ela se diverte. “Algumas pessoas na cidade nos olham meio estranho”, brinca.

Mas os “causos” rurais do filho do presidente da República não se limitam às terras dos Prata Cunha. Ele também ganhou fama em outros Estados da Federação, como no Pará. Em outra mensagem, um pouco mais recente, circula a “revelação” de que Lulinha estaria prestes a se tornar um novo “rei do gado”. Para tanto, ele teria comprado duas propriedades nas cidades de Marabá e Xinguara, ambas do megapecuarista Benedito Mutran, dono de um dos maiores rebanhos comerciais do Brasil. O que ele diz a respeito? “Tudo bobagem, nunca houve essa operação”, diz Mutran.

Em 2007, de fato, Mutran vendeu algumas de suas terras para a Fazenda Santa Bárbara, do empresário Carlos Rodemburg. As vendas aconteceram, só que o comprador era outro. E com verdades misturadas a meias-mentiras, a equipe de DINHEIRO RURAL, de passagem pela ExpoGrande, maior mostra pecuária de Mato Grosso do Sul, se deparou com o novo boato. Entre amigos, um pecuarista de nome Augusto Araújo Oliveira tentava se livrar das gozações dos amigos. O motivo? Uma suposta venda de bois para o filho do presidente. Indagado pela reportagem, ele disse, lacônico: “Não sei de nada, não sei de nada”, desconversou, e foi embora. Verdade? Mentira? Não se sabe, mas com certeza vem aí um novo boato rural.”


PS: Esse artigo esclarece o hoax “Novo Milionário Brasileiro”, repassado exaustivamente por email nesse período de eleições.

UPDATE: Não se esqueçam de divulgar a lista de emails falsos contra a Dilma, com os links para os textos que provam que são falsos, estou atualizando à medida em que recebo novos hoaxes. Clique aqui para ver Quer votar em outro candidato? Fique à vontade, mas vote por motivos verdadeiros, e não pelas mentiras.

Como se tornar um 171 inescrupuloso e desprovido de ética em 7 lições

Tive a infelicidade de me deparar hoje com um texto intitulado “Aprenda a pechinchar em 7 lições”.  Como não consegui comentar lá, resolvi publicar minha opinião aqui. O assunto me interessou, afinal de contas, também sou consumidora. Estava tudo normalzinho até que eu leio: “os pechinchadores mais escolados chegam a recolher cartões de visita ou panfletos de lojas e escrever neles valores fictícios para apresentar em outros estabelecimentos e pedir que tal oferta seja coberta” hein? Estava apenas começando.

O texto ensina o consumidor a ser “malandro”, mentir, fingir, enganar, trapacear, dizendo que TODOS os produtos têm um valor extra que pode ser retirado como desconto sem prejudicar ninguém, o que não é verdade. A “lição” 6 ainda diz:

““Como se sabe que o menor preço possível foi atingido? Isso acontece no momento em que o vendedor já está transtornado, louco da vida, e ainda assim entrega o produto”, afirma o professor Sarfati. “O melhor método é ir forçando o valor para baixo; só se descobre o limite quando o vendedor fica exasperado.”

O tal professor Sarfati, dono do método para formar um bom estelionatário, é, segundo o texto, professor especialista em negociação da FGV (Fundação Getulio Vargas). Tá ruim, hein, FGV? Imagino que ele tenha sido consumidor toda a vida e talvez nunca vendedor. É a única explicação que encontro para que ele crie um abismo tão grande entre a teoria e a prática. Ou então a tal Denise Godoy, que escreveu o texto, é daquele tipo de jornalista que distorce a opinião do entrevistado, pinçando trechos de modo a fazer com que se percam do contexto. Segue meu comentário:

Que bonitinho, um texto que ensina o consumidor a mentir, enganar e ser desonesto! Vamos deixar uma coisinha bem clara aqui: geralmente, em empresas legalizadas, a margem de negociação – quando existe – é bem baixa. Acontece muito de o pobre vendedor, comissionado, ser obrigado a tirar de sua comissão para dar o “desconto inimaginável” ao cliente. Muitas vezes o vendedor só recebe comissões, não ganha salário. Então você não está dando uma de esperto para cima da loja, da revendedora, montadora ou construtora (dependendo do produto), mas se aproveitando do trabalhador que precisa vender para se sustentar. O pior é fazer isso utilizando-se de mecanismos desonestos!!

Quando o vendedor já está “exasperado” é porque está tirando de sua comissão o que não poderia, às vezes para bater as metas da empresa, pois ele é obrigado a vender. Geralmente vendedores inexperientes, inseguros ou que estão em situação financeira precária, com contas a pagar se acumulando. E imagino o indivíduo (cliente) que sai feliz de uma compra dessas, se achando “o esperto” por ter tirado dinheiro de um cara que provavelmente está mais ferrado financeiramente do que ele.  Sociopata ou, no mínimo, sem ética. Vendedor seguro, experiente ou que está ganhando bem com o que faz, não vai diminuir preço além da margem de negociação (que às vezes nem existe). Tem de se ter bom senso, educação e ética na hora de tentar um desconto. Às vezes não tem desconto, mesmo. O texto dá a entender que sempre tem desconto e que o vendedor é um mentiroso que quer enriquecer às suas custas. NEM SEMPRE os preços “embutem uma gordura”.  Empresas legalizadas pagam muitos impostos e encargos e o lucro não é exorbitante como pensamos. Achei que chegaria aqui e veria dicas de verdade, de profissionais sérios e honestos e não essa lista e “como se tornar um 171 inescrupuloso e desprovido de ética em 7 lições”.

Sou vendedora também, corretora de imóveis. Se tenho margem de negociação, sempre ofereço ao cliente. Mas se a pessoa começa a querer pechinchar além da margem de negociação, ofereço um produto mais barato. Não vou me estressar e sair de uma venda extenuada e sem dinheiro porque a criatura quer “descontos inimagináveis” que não existem. Quero trabalhar com qualidade de vida, mantendo minha saúde física e mental. Prefiro focar nos bons clientes, que conhecem o mercado e sabem quando algo está realmente caro e quando está no preço. Um bom vendedor quer o melhor para o seu cliente, sem se prejudicar. Um bom cliente quer fazer o melhor negócio, sem prejudicar ninguém, e entende  vendedor como alguém que está ali para ajudá-lo. Essa é a única maneira de manter uma relação comercial saudável, e disso os bons vendedores não abrem mão.

UPDATE:

Vi este post na lista dos mais recentemente lidos do blog e resolvi reler. Por curiosidade, voltei ao texto que originou esta resposta, da Denyse Godoy. Fiquei espantada ao descobrir por lá um comentário da jornalista, que não entendeu (ou não quis entender, não acredito, sinceramente, que as pessoas sejam tão desprovidas de capacidade de interpretação de texto assim, ainda mais jornalistas!) o que eu escrevi.  Segue:

Denyse Godoy20/08/2010 12:51
Certo. Quem pechincha é sociopata, diz a leitora Vanessa. Será que a melhor estratégia, então, é, antes de comprar algum produto, perguntar primeiro para o vendedor como está a situação finqanceira dele? Porque, se ele responder que o aluguel está atrasado, o consumidor pode se oferecer inclusive para pagar o dobro do valor para ajudá-lo, né.Responder
O seu comentário está aguardando moderação.
Vanessa Lampert23/09/2011 14:16 A jornalista Denyse Godoy, pelo visto, realmente não é muito boa em interpretação de texto. Não disse que quem pechincha é sociopata, releia meu texto com atenção (não vou explicar de novo, está bem explicadinho). Qual é a melhor estratégia? – você me pergunta – Ter ética, ser honesto e utilizar o bom senso ao pechinchar. Não enganar, mentir e agir como um sociopata, como sugere este artigo deplorável. Leia novamente.

Denyse Godoy 20/08/2010 12:51

Certo. Quem pechincha é sociopata, diz a leitora Vanessa. Será que a melhor estratégia, então, é, antes de comprar algum produto, perguntar primeiro para o vendedor como está a situação finqanceira dele? Porque, se ele responder que o aluguel está atrasado, o consumidor pode se oferecer inclusive para pagar o dobro do valor para ajudá-lo, né.


Nem merecia resposta, certo? Pois é, mas eu sou uma criaturinha feliz e acabei respondendo…


Vanessa Lampert 23/09/2011 14:16

A jornalista Denyse Godoy, pelo visto, realmente não é muito boa em interpretação de texto. Não disse que quem pechincha é sociopata, releia meu texto com atenção (não vou explicar de novo, está bem explicadinho). Qual é a melhor estratégia? – você me pergunta – Ter ética, ser honesto e utilizar o bom senso ao pechinchar. Não enganar, mentir e agir como um sociopata, como sugere este artigo deplorável. Leia novamente.

.

É brincadeira, não? Eu comentei sobre o lado do vendedor, porque fazia parte de minha realidade na época, e não tinha como não ter empatia. E a pessoa utilizou isso para desqualificar todo o meu comentário… Eu não sou contra pechinchar, tanto é que me interessei pelo texto (não leio sobre assuntos que não me interessam), sou contra a desonestidade e o comportamento predatório. Não trabalho mais com vendas, mas continuo tendo empatia. Eu sempre me coloco no lugar do outro e não gosto de fazer com os outros o que não gostaria que fizessem comigo. Sei respeitar os limites, principalmente os que delineiam a ética, a honestidade e a responsabilidade. E posso ser muito idiota por isso – sempre serei, faço questão – mas não abro mão desses princípios básicos por dinheiro nenhum. Não vale a pena.

.