Categoria: Vida cristã

Negando Jesus

“Os filhos de Efraim, armados e trazendo arcos, viraram as costas no dia da peleja. Não guardaram a aliança de Deus, e recusaram andar na Sua lei, e esqueceram-se das Suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.” Salmos 78.9-11

“Armados e trazendo arcos” mostra que eles estavam prontos para a batalha. Por que então viraram as costas no dia da peleja? Eles estavam preparados para a guerra, mas queriam fazer a guerra do seu jeito, e não se submeteram a Deus para lutar do jeito dEle. Justamente (ou injustamente, na verdade) porque se afastaram da aliança

Diz neste trecho que eles não guardaram a aliança de Deus e se recusaram a andar na Sua lei. Na verdade, eles não disseram com palavras que não andariam na lei de Deus. Eles disseram isso com atitudes: a atitude de se esquecer do que Deus havia feito e dar as costas à batalha, saindo da luta mesmo que Deus contasse com eles, era não guardar a aliança e se recusar a andar na Sua lei. Sua atitude mostra quem você é e o que você realmente pensa. 

Essa é uma verdade de que nos esquecemos muitas vezes. Nossas atitudes chegam a Deus como palavras, e são muito mais consideradas do que as nossas palavras. Esse é um padrão que eu já identifiquei na Bíblia inteira. Deus ouve nossas atitudes. E dessa linguagem nem todos estão conscientes. As pessoas se preocupam com o que dizem e até mesmo há quem acredite que o corpo fala (ok, sei que existem pessoas que estudam linguagem corporal, mas ela não funciona para todo mundo) e se preocupe em analisar os gestos seus e dos outros. Porém, a linguagem mais eloquente dos seres humanos é a das atitudes. 

Já ouvi crente dizer que é muito difícil perder a salvação, porque para perdê-la a pessoa teria que negar a Jesus. Só que quem prega isso acredita que “negar a Jesus” é dizer que nega Jesus. Obviamente, nenhum cristão em sã consciência diria isso. No entanto, um incontável número de cristãos diz isso TODOS OS DIAS por meio de suas ações e reações. Quando insiste em guardar mágoa, enquanto Ele ordenou que perdoássemos uns aos outros, está negando a Jesus. Quando insiste em mentir, enquanto Ele ordenou que andássemos na verdade, está negando a Jesus. Quando insiste em olhar com maus olhos, enquanto Ele ordenou que tivéssemos bons olhos, está negando a Jesus. Enfim, quando rejeita a instrução Bíblica e desobedece a Deus, está negando a Jesus. 

Sobre estes, aliás, foi que Tito escreveu:

“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” Tito 1.15,16

Está bem claro aqui. Quem está contaminado e não é fiel à Palavra de Deus, não consegue ver pureza em nada. Essa contaminação é sutil e interior. Ela pode gerar uma série de sintomas, então se manifesta exteriormente de várias formas. Seu entendimento e consciência estão contaminados, então essas pessoas não devem nem confiar em suas consciências na hora de se avaliarem. Se sua consciência não o acusa, mas a Palavra de Deus é contrária às suas atitudes, confie no julgamento da Palavra de Deus, pois sua consciência pode estar tão contaminada que já não serve como parâmetro. 

Nesse caso, o arrependimento é mais difícil, mas não impossível. Ele pode começar com uma decisão de se arrepender, porque reconhece, conscientemente, o seu erro. Ainda que não sinta o arrependimento. Arrependimento não é sentimento, é decisão de mudança de atitude. Mas para isso é necessário primeiro uma boa dose de humildade, o que geralmente esse tipo de pessoa não tem. 

Mas às vezes a pessoa chega no fundo do poço, tão quebrada, tão quebrantada, que se torna humilde. E ela consegue começar sua jornada de alinhar suas atitudes às suas palavras, finalmente. Se fizer isso, poderá ser salva. Se continuar insistindo em negar a Deus com as obras, aí não tem como ser salvo, meu amigo. Desculpa, mas alguém tem que te dizer. Não depende de Deus, não, depende da sua decisão. Da sua atitude. 

Deus sempre vai poder contar contigo se você se mantiver focado em Quem Ele é e no que Ele já fez, se mantiver o temor, a confiança e a humildade. E se agir de acordo com aquilo em que você diz crer. Se os filhos de Efraim realmente cressem que Deus estava com eles e que venceriam aquela batalha, agiriam como? Virariam as costas? É caro que não! Eles seguiriam em frente e lutariam até a vitória.

Leia (ou releia) também: O que você diz para Deus sem saber

Mais posts sobre o Salmo 78:

1 – Governando o coração

2 – Negando Jesus

3 – Provocando ao Altíssimo na solidão

4 – Mesa no deserto

5 – Rios em abundância

6 – O pão dos anjos

7 – Maus olhos contra Deus

8 – Com a língua Lhe mentiam

 

Jejum de Daniel, dia 10

PS. Teremos mensagens diárias neste blog durante esses 21 dias do Jejum de Daniel.

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Governando o coração

Em alguma reunião de fevereiro, o Bispo falou de um versículo do salmo 78 e aconselhou: “depois medite no salmo 78 em casa”. Antigamente eu não dava muita bola quando um pastor dizia isso. Às vezes até anotava a referência bíblica, mas quem disse que me lembrava de ler depois? Hoje em dia, já saio da reunião pensando no que ouvi e querendo saber: “o que será que Deus quer me falar através daquela palavra que Ele mandou o pastor me aconselhar a ler?” E isso faz toda a diferença! 

Entenda uma coisa: Deus existe e quer falar com você. E não existe absolutamente NADA mais importante do que isso no mundo. Pensa bem, o Rei de todo o universo quer falar com você! Vai deixá-LO esperando enquanto você atualiza as redes sociais? Ou enquanto vê a vida dos outros na internet? Ou enquanto assiste a qualquer coisa na TV? Tá doido? Vá ouvir o que Ele tem a dizer. 

Pelo menos uma vez ao dia, leia a Bíblia e medite no que leu. Se for alguma passagem muito esquisita que você não entendeu, não se preocupe. Diga para Deus que não entendeu, peça a Ele para te explicar, e continue a leitura até encontrar algo que atraia a sua atenção. Fique pensando naquela passagem o dia todo. Comece a encher seus pensamentos dos pensamentos de Deus. 

Voltando ao assunto: em casa, na primeira oportunidade, faço uma leitura de todo o capítulo e depois vou destrinchando alguns versículos que me chamam mais a atenção. E foi o que fiz com o Salmo 78. Vou colocar as anotações aqui, porque com certeza irão ajudar você a entender melhor a Deus e a si mesmo. Vamos avaliar nossas atitudes à luz do que aprendermos ao longo desses posts.

“Para que pusessem em Deus a sua esperança, e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os Seus mandamentos. E não fossem como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel a Deus.” Salmos 78.7,8

Essa orientação era de ensinar às novas gerações a respeito do que havia acontecido no passado, para que não repetissem os mesmos erros de seus pais. O principal problema do povo que se perdeu no deserto e não conquistou o que Deus tinha para lhes dar foi o fato de não ter regido o seu coração, ou seja, não saber controlar seus próprios impulsos. A pessoa que não rege o coração não tem autocontrole, não é racional, não tem disciplina. 

Reger significa: Fazer exercer ou exercer o governo ou a direção de; governar(-se), regular(-se).

É preciso governar o seu próprio coração. Como se o coração fosse uma nação sem governo, sem rei. Imagina o caos? Quando não controla o seu próprio coração, a pessoa é controlada por ele, que a fica jogando para lá e para cá feito peteca, porque o coração é naturalmente instável. A obstinação e a rebeldia levam a pessoa a deixar seu coração solto, sem controle, se deixando levar pelos pensamentos, sentimentos e impulsos naturais. Nesse estado lastimável, é comum a pessoa ficar tão ensimesmada, tão focada em suas vontades, naquilo que ainda não tem, a ponto de, pela insegurança, se esquecer do que Deus fez por ela e se esquecer da Palavra dEle. 

O antídoto contra esse veneno (e a cura para essa doença) é: colocar a sua esperança em Deus por meio da obediência à Palavra dEle. Quando nossa esperança está em Deus, firmada na Palavra dEle e no que Ele fez por nós, não nos esqueceremos dessas coisas e permaneceremos conectados a Ele, dominando, regendo o nosso coração, e não sendo dominados por ele.

 E nosso espírito permanecerá fiel a Deus, porque a base da fidelidade é a confiança e a base da confiança está em saber quem Deus é e o que Ele já fez, e decidir colocar nEle a sua esperança. Vem dEle a orientação, a resposta e o livramento. 

E quando a orientação vier, obedeça, mesmo que seja contrária ao seu coração. Aliás, é bom anotar em algum lugar bem visível: o segredo para obedecer é um só: sacrifício, no sentido de renúncia. Essa revelação foi um divisor de águas na minha vida. Por muito tempo, desde a infância, eu fui guiada por meu coração. Eu me achava muito racional, mas era puro sentimento. 

Sensível demais, não sabia lidar com minhas emoções. Muito inteligente intelectualmente, mas um jumento emocionalmente. De que adiantou a inteligência? De nada. Morria de medo de tudo e escondia com agressividade. Tinha mudanças bruscas e inexplicáveis de humor. Uma hora estava animada, agitada e eufórica, outra hora estava desanimada, letárgica e depressiva. Não conseguia terminar nada do que começava. Tudo me alterava. Qualquer mudança na minha vida já era motivo para tudo desabar. Não sabia lidar com nada. Minha vida era um caos e não parecia ter prazo para isso acabar. Parecia que a única solução era morrer. 

E não era problema de adolescência. Essa instabilidade veio desde que me conheço por gente, mas ela se agravou a partir dos 11 anos, até culminar na depressão, progressivamente, dos 16 até a véspera de completar 20 anos. No mês em que completaria 20 anos, fui liberta da depressão na Universal. Mas como não me tornei uma nova criatura na época, continuava a ser a mesma pessoa, só um pouco melhorada. Mesmo assim, o ensinamento da fé racional e do sacrifício já foi suficiente para me dar uma vida um pouco mais funcional. 

Consegui voltar para a faculdade de jornalismo, consegui trabalhar e consegui até namorar, casar e manter o casamento por nove anos. Mas era um esforço monumental para me manter controlada e racional. Eu vivia de altos e baixos emocionais, uma montanha-russa. Só não entrava em depressão porque não tolerava mais e aprendi a não abrir essa porta. Mas era levada pelas circunstâncias direto. 

Até que finalmente, aos 29 anos, Deus me mostrou que eu precisava entregar minha vida de verdade para Ele, não só me dizer crente. Entreguei minha vida a Ele, decidi esquecer tudo o que eu achava que sabia e começar do zero. E nasci de novo, me tornei uma nova criatura. Não apenas aprendi a sacrificar, eu aprendi a SER o próprio sacrifício. Como diz a Bíblia, apresentar meu corpo como sacrifício vivo e santo. Viver essa fé sacrificial. Negar a mim mesma. Negar meus impulsos, minha vontade de olhar para as circunstâncias. 

Hoje as circunstâncias não me mudam. Nada mais me altera. E desde que recebi o Espírito Santo, aos 30 anos, eu tenho uma estabilidade emocional que nunca imaginei ser possível. Por isso eu posso dizer: vale a pena! Vale a pena sacrificar. Vale a pena obedecer. Vale a pena viver essa fé, vale a pena abrir mão do mundo, vale a pena se empenhar para se aproximar de Deus. 

Eu era uma das pessoas mais improváveis de conseguir isso. Era uma pessoa totalmente fragmentada interiormente. E achei muito interessante ouvir do meu neurologista um tempo atrás, constatando: “você não tem depressão, não tem perfil de uma pessoa com tendência a depressão. Quem tem depressão tem o ego fragmentado, você não”. Concordo plenamente, mas sei que é um milagre. A pessoa que sou hoje não tem nada a ver com a que fui a maior parte da minha vida (e tenho diários e dezenas de cadernos com pensamentos dela para comprovar). 

É isso o que Deus faz na vida de uma pessoa. Eu não tinha uma fé extraordinária (e não tenho hoje), não era uma pessoa especial (e não sou hoje). Era uma pessoa complicada, difícil, cheia de problemas, que não sabia viver, que tinha dificuldades até nas coisas mais simples. A menor da casa mais pobre. Aquela que não era ninguém e que nunca seria ninguém porque não sabia reger o seu coração. 

Meu coração era um caos. Mas Ele me chamou, me aceitou e me mudou. Demorou muito mais tempo do que deveria, por minha causa, mas não importa, o tempo iria passar de qualquer jeito. O que importa é que agora eu tenho paz dentro de mim, que independe das circunstâncias, que independe até do meu corpo. Renuncie ao que tiver que renunciar pela nova vida que Ele quer te dar.

Lembre-se: O segredo de uma vida estável é reger o coração e confiar em Deus, colocando somente nEle nossa esperança. 

[Link para todos os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel]

Jejum de Daniel, dia 9

Mais posts sobre o Salmo 78:

1 – Governando o coração

2 – Negando Jesus

3 – Provocando ao Altíssimo na solidão

4 – Mesa no deserto

5 – Rios em abundância

6 – O pão dos anjos

7 – Maus olhos contra Deus

8 – Com a língua Lhe mentiam

 

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