Categoria: Vida

Sobre a pré-venda do filme Nada a Perder 2 e as vítimas de Fake News

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*Fotos do dia em que compramos os ingressos. Legendas das fotos no final do post

Não conseguimos fazer a compra dos ingressos nos totens do cinema porque eles não estavam nos entendendo, mas fomos muito bem atendidos por um funcionário que nos vendeu os ingressos no balcão. Achei que não encontraria mais ingressos porque as salas normais estão lotadas, mas a VIP está praticamente vazia (custa um rim, mas vale a pena. Ou melhor, meio rim, porque a gente paga meia).  Ano passado fomos a este mesmo cinema e também não estava lotado na pré-venda. Cadê a narrativa tosca da mídia? Cadê que coleguinha foi lá conferir se os lugares da pré-venda estavam disponíveis no dia da estreia? 


Uma funcionária sem noção tentou iniciar um comentário depreciativo contra o Bp Macedo com o rapaz que nos atendia, na nossa frente, mas foi solenemente ignorada por ele, que foi realmente muito educado conosco. Infelizmente, a gente já está acostumado a ouvir comentários de quem acha que sabe alguma coisa só pelo que ouviu falar. E nem sabe que não sabe de nada. Essas são as vítimas das Fake News que são espalhadas na mídia há trinta anos, repetindo uma mentira tantas vezes até que ela comece a soar como verdade. Pelo que vi no trailer e no livro, o filme vai falar sobre isso, sobre como começaram essas distorções pela velha mídia.

Você tem noção do que são TRINTA ANOS de interpretações distorcidas sendo marteladas na cabeça das pessoas para moldar o modo de elas enxergarem alguém? É por isso que a moça que, provavelmente, tem menos idade do que isso e nunca me viu na vida se sentiu no direito de expor uma opinião não solicitada sobre alguém que ela não conhece — e sequer se deu conta do tamanho da estupidez que estava cometendo.

Não culpo essas pessoas (hum…talvez só um pouquinho, porque todo mundo tem direito de escolher o que vai falar ou deixar de falar), elas confiam em fontes de informação que deveriam se limitar a passar informações verificadas, de verdade, e não interpretações e subjetividades tiradas do além e travestidas de informações verificadas. O maior problema está realmente nas intenções e —sobretudo — na falta de responsabilidade e de método de quem faz o trabalho de coletar os dados e transmiti-los ao público.

Este tem sido um problema gravíssimo dos dias atuais. As piores fake news nem são as mentiras simples, mas sim aquelas que se utilizam de parte da verdade para distorcer e interpretar da pior forma possível. Elas têm cara de verdade, têm jeito de verdade, mas uma meia verdade é uma mentira inteira. Elas estão por todos os lados e, principalmente, sendo geradas por aqueles que deveriam combatê-las (e, muitas vezes, dizem combater). Isso só mostra o quanto esta produção é atual e necessária. Só se combate a mentira (mesmo mentira velha) com a verdade.

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PS. A ideia era o Davison tirar fotos minhas com os ingressos, como fizemos ano passado, mas saí de lá tão exausta que não tinha condições de posar para fotos. Será que dá para colocar esse post no Instagram hoje com essas fotos?

PS2.  Cinépolis do shopping JK até agora é a única sala VIP com esse filme em São Paulo (digo “até agora” porque da outra vez ele entrou no Lar Center depois da primeira semana – e a gente assistiu de novo 😜).

PS3. Dou preferência para sala VIP porque disautonomia + Síndrome de Ehlers-Danlos + lesões no quadril, lombar e cervical + poltrona normal (que não deita) por duas horas = dor. Tento evitar.

PS4. Por falar em fake news, está aberta a temporada de jornalista com um amendoim no lugar do cérebro irritar a Vanessa com matérias burras baseadas em Fake News de 2015 e falsa causalidade a fim de tentar desmerecer o filme, mas que, no final das contas, só faz propaganda de graça. 👍🏻 (Para quem não leu o artigo do ano passado sobre o festival da Fake News pós-estreia do Nada a Perder 1, Clique aqui para ler no R7.)


* [Fotos do dia em que compramos os ingressos para o Nada a Perder 2, que estreia quinta-feira dia 15 (que, no caso, é amanhã). Imagens que mostram minha total inabilidade de me tornar uma criatura interessante no Instagram rs. Foto 1: cartaz do filme no Totem, mas com a sombra de um dedo na frente, porque uso uma luvinha esquisita para segurar o celular e às vezes me esqueço desse detalhe. (E porque não sei onde ficam as partes do meu corpo e elas têm vida própria.) Foto 2: A ideia era tirar uma foto minha com a tela da compra e o cartaz do filme enquanto o Sr. Lampert concluía a transação. Mas fiquei com cara de louca. Foto 3: No esforço de manter os olhos menos arregalados (para evitar a cara de louca), me esqueci completamente de enquadrar a tela. Foto 4: Virei para pegar melhor a tela, mas não apareceu o cartaz do filme. Aí a gente junta todas as fotos e faz uma montagem conceitual hahaha… vale só a ideia que a montagem representa. 😀 ]

Sobre a sua verdadeira identidade

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A sociedade tenta convencer as pessoas de que a identidade delas tem a ver com alguma característica física ou com algo deste mundo físico: cor da pele, etnia, peso, gênero, textura dos cabelos… Assim, tenta encaixar cada um em grupos rotulados, de acordo com características externas, prometendo uma sensação de pertencimento que nunca virá.

Muitos percebem a verdade quando ficam idosos e o corpo passa a não cooperar. Estou vivendo uma amostra grátis disso. Luto contra a disautonomia, uma espécie de “mau contato” nas funções automáticas do organismo, causada por um defeito genético. Desde que o problema se agravou, habito um corpo que não me obedece.

Nunca ficou tão claro para mim que eu não sou um corpo. Às vezes meu corpo está exausto, sem energia, a pressão muito baixa, e eu, lá dentro do corpo, tenho um milhão de planos e quero fazer um milhão de coisas, mas não consigo, porque ele não obedece. Outras vezes, tenho que parar o que estou fazendo porque os músculos do meu corpo estão fracos e as articulações, sobrecarregadas, doem. Mas, por mim, ficaria horas naquela atividade.

Eu quero comer, mas meu corpo nem sempre digere, eu quero ficar em pé por muito tempo, mas meu corpo nem sempre consegue fazer o sangue chegar à cabeça nessa posição. Quero andar mais, mas meu corpo acha que está escalando uma montanha e fica extremamente cansado com pouca coisa. Quero passar uma tarde no parque, mas meu corpo não regula a temperatura e passa mal no calor.

Quando alguém me pergunta como estou, minha vontade é responder que estou bem, porque, de fato, EU estou bem. Quem ainda não está bem é meu corpo. É impressionante o quão nítida é essa diferença hoje e o quão clara é esta verdade:

eu não sou meu corpo.

Eu não sou visível. Não sei qual é a minha forma, não conheço minha real aparência. Não sou branca, não sou negra, não sou parda, vermelha, amarela ou azul. Não sou gorda, não sou magra, não sou alta nem baixa. Não tenho nenhum problema genético. Não tenho doença, não tenho deficiência. O que meu corpo tem não me afeta. Cuido dele, sei que vai ficar bem, mas cuido, principalmente, de mim.

Eu, que estou dentro deste corpo que às vezes parece tão mais pesado do que realmente é. Eu, que preciso dizer para o meu cérebro o que ele deve fazer ou pensar. Eu, que escolho pensar no que é bom e rejeitar o que faz mal. Eu, que cuido deste corpo que tantas vezes não coopera, que vou além do limite dele para chegar ao mínimo aceitável. Eu, que não reflito no espelho, que não pertenço a este mundo, que uso os braços deste corpo, que sinto as dores deste corpo e assim conheço as dores de outros corpos. Corpos que guardam outras pessoas, que nem sabem quem são. Acham que são seus corpos, porque nunca tiveram que lutar contra eles. Vivem, iludidas, a vida dos corpos. E não sabem por que nunca se completam. Porque não são seus corpos.

Eu não sou visível. Não conheço minha aparência. Minha identidade não é cor, não é gênero, não é local de nascimento ou massa corporal. Minha identidade são as escolhas que faço. Não sei como eu me movo, só sei dirigir um corpo que mal responde. Aprendo a dirigir. Não importa os defeitos que ele tem, estou feliz por ter este corpo. Ainda que pesado, ainda que difícil, ainda que rebelde. Pelo tempo que estiver dentro dele, vou fazer o máximo, com todas as minhas forças, para levar a outras pessoas a consciência de que elas não são corpos. Essa consciência tinha quem escreveu:

“Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4.16)

E completou: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” (2 Coríntios 4.18)

É uma sabedoria que o mundo de hoje desconhece — ou finge não conhecer.

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