Categoria: Vida

Fazer o bem a quem nos fez mal?

 

Por que esperar retribuição? A gente tem que fazer o bem. Independentemente de receber reconhecimento ou retribuição. Independentemente de achar que o outro merece. A gente tem que fazer o bem porque o bem está dentro da gente. Se a pessoa não retribui ou não reconhece o bem que fiz, não vou pensar mal dela, porque nem estava esperando retribuição, mesmo. Gosto de ajudar, sigo a orientação bíblica de não cansar de fazer o bem, porque é o certo, não porque os outros merecem ou não merecem.

Se o meu foco está em fazer o bem para os outros (porque, afinal de contas, é o que eu tenho dentro de mim), ele não estará em meu próprio umbigo. E, se o foco não estiver em meu umbigo, não vou ficar ofendida porque a pessoa não fez o que eu achava que ela deveria fazer (até porque eu não achava nada). O resultado disso? Uma vida bem mais leve, simples e tranquila, um coração completamente blindado contra mágoa e inteiramente disposto a perdoar. E, inevitavelmente, coisas boas acontecem com quem age assim. 

Isso não quer dizer que devemos tolerar abuso. Aprendi isso, também. Sem mágoa e sem sentimento negativo algum, devemos saber colocar limites e não permitir a injustiça e o desrespeito. Fazer o que é certo. Mesmo que seja preciso tomar uma atitude mais enérgica (inclusive se afastar da pessoa), isso não exclui o “fazer o bem” — às vezes fazer o bem é dar ao outro a oportunidade de encarar as consequências de seu próprio erro (e ter chance de se consertar).

Perdoar também é fazer o bem. Ainda que a pessoa precise pagar pelo seu erro (estou pensando aqui até em casos graves, em que a criatura acabe presa), isso não nos impede de perdoá-la. Perdoar não a libera da consequência do que fez, isso é impossível. A consciência acusa e, querendo ou não, uma espécie de maldição persegue a pessoa, pois quem comete injustiça recebe injustiça.

Mas quem é justo não fica torcendo para o outro se dar mal (porque isso faria de você uma pessoa tão ruim quanto qualquer pessoa ruim). Quem é justo torce para que o outro se arrependa de verdade, enxergue o que fez, odeie o que fez e decida nunca mais agir daquela forma. Quem é justo espera que o injusto também se torne justo um dia. Torce sinceramente para que a pessoa se liberte daquele comportamento errado. O justo odeia o mal, odeia o comportamento ruim, mas não odeia as pessoas que apresentam esse comportamento ruim. Até porque, se você parar pra pensar, ninguém quer errar. Mesmo aqueles que se agarram ao erro, conscientes do que seria o certo, mas achando que sabem o que estão fazendo. Todo mundo quer acertar. 

Também não dá para ignorar o fato de que nós cometemos erros. E o erro do outro não é pior do que o meu só porque é do outro. Se quero ser perdoada, também preciso perdoar. Colhemos o que plantamos, então se você plantar desrespeito e intolerância, cedo ou tarde é o que irá colher. Aprenda isso. O que buscamos para os outros é o que encontraremos para nós: “O que cedo busca o bem, busca favor, mas o que procura o mal, esse lhe sobrevirá” Provérbios 11.27.

Perdoar pode até não ser fácil, mas é algo que podemos fazer. O perdão não depende de sentimento ou vontade, mas de decisão e atitude. Fazer o bem a quem nos fez bem é fácil. Fazer o bem a quem nos fez mal exige uma boa dose de abnegação e decisão de fazer o que é certo simplesmente porque fazer o certo é o certo a se fazer.

E, para quem se considera cristão: já tem uns dois mil e poucos anos que essa orientação foi registrada, contra a hipocrisia de quem se diz de Deus, mas faz o contrário do que Ele faz: 

“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.”
Mateus 5:44,45

 

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PS: Do Dicionário Michaelis:

abnegação
ab·ne·ga·ção sf
1 Ato ou efeito de abnegar.
2 Ato caracterizado pela superação do egoísmo.
3 Desprezo ou sacrifício dos próprios interesses para atender ou satisfazer as necessidades alheias.

 

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Sobre curiosidade

curiosity

A Cris Cardoso escreveu ontem sobre o mau uso da curiosidade (clique para ler, mas não esqueça de voltar aqui rs). Eu estava escrevendo um comentário lá, mas ficou tão grande que achei melhor transformar em post (aí fica pequeno rsrs). O comentário da Patricia Lages completou bem o post da Cris. Ela escreveu:

A curiosidade deveria ser usada para obter um conhecimento que está oculto, para aprender algo novo todo dia, um outro idioma ou como as coisas funcionam. Mas a curiosidade tem sido mais usada para o mal do que para o bem, infelizmente…”
Isso acontece porque as pessoas fazem as coisas sem pensar. O problema não é a curiosidade, em si. O problema é o tipo de curiosidade que se alimenta. Como a Patricia explicou, a curiosidade bem direcionada é muito útil. Para aprender um idioma, como as coisas funcionam ou descobrir a verdade por trás de uma notícia lida na internet… Sempre fui muito curiosa, por isso fui para o jornalismo. (Apesar de grande parte dos jornalistas brasileiros de hoje não terem espírito investigativo nenhum e se contentarem em copiar e colar notas que recebem, diz a lenda que espírito investigativo é um dos pré-requisitos para ser um bom profissional.)

Segundo o dicionário Michaelis Online, “curiosidade” pode ter esses significados:

1 Qualidade ou característica daquele ou daquilo que é curioso.
2 Desejo forte de ver, conhecer ou desvendar alguma coisa.
3 Desejo de aprender ou adquirir conhecimentos.
4 PEJ Desejo incontrolável de saber fatos particulares da vida dos outros; bisbilhotice, indiscrição.
5 FIG Objeto raro ou original; raridade.
6 Trabalho amadorístico, sem cunho profissional; diletantismo.
7 Informação que revela algo interessante e surpreendente.

Os significados 2 e 3 são necessários quando aplicados em coisas úteis, boas, de boa fama, justas, etc. Mas aí é a curiosidade da pessoa que tem noção e não da sem-noção. Desejo forte de conhecer outro homem que não aquele com quem você vai ficar a vida inteira, por exemplo, é uma idiotice sem tamanho. Desejo de aprender ou adquirir conhecimentos que prejudiquem a fé e coloquem a salvação em risco (como, por exemplo, “misturar vinhos” ou mesmo olhar sites de fofoca) é uma das coisas mais inúteis que alguém pode alimentar. Nessa época de excesso de informação, quem se destaca é aquele que melhor consegue SELECIONAR as informações que consome. Não o que sai consumindo tudo o que vê pela frente.

Vejo gente que confunde indiscrição ou mesmo curiosidade destrutiva com curiosidade positiva. Mas a verdade é que quando a gente usa uma, não usa outra. Se minha atenção está focada em aprender coisas úteis, não vou ter tempo de bisbilhotar a vida alheia. Se minha atenção estiver voltada para desvendar algum mistério sobre quais os melhores sinônimos para usar em uma edição de texto (às vezes é um mistério hahaha), não vou ter tempo de ter interesse em alguma coisa inútil desconhecida.

Entenda uma coisa: você tem uma quantidade LIMITADA de tempo. Cabe a você a decisão de como vai investir esse tempo. Não o desperdice. Faça uma escolha inteligente e aplique seu espírito a algo realmente útil. Aí, sim, sua vida vai andar.