Categoria: Vida

Não é tão difícil se destacar

Estou fazendo faculdade à distância e, recentemente, tivemos as provas presenciais. As notas demoraram a sair e houve uma certa agitação nos fóruns, com pessoas perguntando aos tutores quando sairiam as notas, pois o prazo para agendar as substitutivas já estava se esgotando. Até aí, tudo normal. Eu não tenho muito tempo para estudar, mas na véspera das provas reli todas as apostilas. As avaliações não foram fáceis (ainda bem que eu tenho vantagem nas questões dissertativas rs), então também fiquei aguardando o resultado com os outros.

Conforme os dias avançavam, alguns comentários surreais começaram a aparecer nos fóruns. Algumas pessoas que receberam notas insuficientes entravam para reclamar que as provas não tinham nada a ver com a matéria que estudaram. Diziam que muitas questões não estavam no material…

Eu apenas li as apostilas. Tentei ver os vídeos, mas percebi que as apostilas eram mais completas, então, me ative à leitura dos PDFs. E posso garantir que toda a matéria que caiu na prova estava nas apostilas. Mas aquelas pessoas estavam realmente indignadas. Elas realmente acreditavam que tinham sofrido uma injustiça. Das duas, uma: ou não leram com atenção e perderam conteúdo ou tiveram preguiça de ler e apenas assistiram ao vídeo.

O segundo tipo de comentário surreal foi algo como: “Quando vocês vão divulgar as notas? Estou sendo prejudicada porque dependo da divulgação das notas para saber se preciso fazer a prova substitutiva. Se demorar mais, não vai dar tempo de estudar!”. E suas variações: “vocês estão me prejudicando, pois por causa desse atraso, não sei se preciso estudar para a prova”.

Sério. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: COMO ASSIM, CRIATURA? Se sua nota não saiu e existe a chance de você precisar fazer a prova na semana que vem, o que você faz?

a) Começa a estudar. Assim, caso precise fazer a prova, estará preparado.

b) Fica parado, esperando as notas saírem para saber se vai precisar estudar.

Como alguém pode escolher a segunda opção? Como pode? Você precisa estar preparado. Se não tiver necessidade de fazer uma prova, por acaso vai cair uma orelha por ter estudado um pouco mais? Vai perder um braço por ter ficado dois dias sem entrar no Facebook para estudar?

Existe uma multidão vivendo em modo reativo/reclamativo. Quanto menos agem, quanto menos pensam e quanto menos leem, mais dependentes dos outros essas pessoas se tornam. Está cada vez mais fácil se destacar da multidão, é só parar de reagir e começar a agir. Tome a iniciativa. Não espere pelos outros. Não tenha medo de arriscar, não tenha preguiça, não fuja do sacrifício. E – principalmente – não coloque as suas responsabilidades sobre os ombros dos outros. Não é porque a faculdade não fez a parte dela que vou deixar de fazer a minha! Se o seu marido errou com você, você vai errar com ele, também? Se o seu colega não fez a parte dele, você vai deixar tudo ir por água abaixo?

Qual é a graça de se sentir injustiçado enquanto você pode, simplesmente, fazer a sua parte, se esforçar mais e reduzir os danos? Quando lida com a situação de forma racional, tudo se torna mais leve. Você gasta menos energia, resolve tudo mais rápido e não fica perdendo tempo com bobagem. Eu sei que não é fácil assumir responsabilidades, mas 98% das vezes é a única forma de andar para frente.

 

PS: No final das contas, minhas notas foram bem bonitinhas e não precisei fazer segunda chamada de nenhuma matéria. 😀

Dica para realmente escrever o que você quer escrever

Algo que me ajuda muito antes de escrever um texto é ter uma ideia clara do que eu quero que meu leitor entenda ao final da leitura. Trabalhar de trás para frente é uma forma de manter o controle do texto. Para isso, faço um pequeno briefing, um resuminho do que pretendo escrever.

Tendo o resumo em mente, você pode construir todo o texto em torno dele. Claro, o resumo não precisa estar escrito no texto. Ele é algo para o escritor se nortear. Pode ser uma frase ou mesmo um parágrafo inteiro. Pense em como você resumiria oralmente a um amigo a ideia do texto que quer escrever.  Por exemplo, meu post anterior tinha como briefing “Incentivar o leitor a fazer exercícios de redação e a tornar a escrita uma atividade divertida e criativa”. Dessa ideia inicial surgiu toda a argumentação. Depois que escrever, releia o seu texto à luz do briefing. Ele está entregando tudo o que seu briefing prometeu? Por exemplo, se eu não falasse em fazer exercícios de redação e não apoiasse esse argumento com exemplos (autobiográficos, no caso), o meu texto teria fugido do briefing. Se fosse uma redação, poderia reprovar por fugir do tema. Se fosse um produto, poderia ser processada por propaganda enganosa. 😀

Releia o post anterior tendo esse briefing em mente e verá que ele é a coluna vertebral que une todos os parágrafos. É o que se chama de “fio condutor”. Se não está apoiando o “incentivar o leitor a fazer exercícios de redação” está apoiando o “incentivar o leitor a tornar a escrita uma atividade divertida e criativa”.

No início, é importante colocar isso por escrito. Mais para frente, pode ser que você nem precise escrever, o briefing estará em sua cabeça. Ou talvez você, como eu, goste de registrar as primeiras ideias, o que o levou a escrever aquele texto. Ainda que o briefing esteja na minha cabeça, gosto de deixá-lo perto do texto. Até porque, se algo acontecer e eu precisar me afastar do computador e tiver que voltar a escrever só daqui a dois dias ou mais, não vou querer confiar na minha memória para me lembrar por que raios comecei a escrever aquele negócio.

 Vai por mim, ideias são coisinhas escorregadias como lagartixas. Ou como minhocas. Ou como coisinhas igualmente gosmentas que escapam de mãos molhadas. E são traiçoeiras. Elas fingem que vão ficar com você até o fim da vida e que será impossível esquecê-las, mas quando você menos espera…desaparecem sem deixar vestígios. E deixam apenas aquela sensação de que aquele parágrafo meio escrito não faz sentido algum. Previna-se: anote tudo. Tudo. O papel (ou o documento do word) é extensão da sua memória.

  

PS: Isso também funciona para ficção. Escreva a ideia principal de cada capítulo e o que você quer que aconteça neles. Depois, é só fazer acontecer. 🙂

PS2: Eu sei, você achava que a inspiração simplesmente vinha e o escritor fazia aquela “escrita mediúnica”, escrevendo tudo de uma sentada só… 

PS3: Eu gosto de lagartixas.