Categoria: Visão de mundo

A bênção da faxina

 

photo_2020-01-08_23-04-31

Depois de três dias complicados, de hipotensão, bradicardia, arritmia, pouca movimentação, cansaço absurdo e sensação de que carreguei um rinoceronte ladeira acima, consegui ter força suficiente para limpar as caixas de areia, passar aspirador e MOP na casa. E isso merece ser registrado. Antes eu tinha um dia bom a cada duas semanas. Agora, um dia bom por semana (ou, como hoje, umas quatro horas bem boas, antes de precisar me deitar novamente). Minha meta é chegar a ter 7 dias bons por semana. 😃 


Passei aqui para te lembrar de valorizar a sua capacidade de varrer a casa, da próxima vez que tiver que fazer isso rs. Em vez de reclamar por fazer o serviço doméstico, que tal agradecer por você ter força e saúde para fazer isso? Reclamar menos, agradecer mais. Reclamar menos, valorizar mais. Ninguém melhorou a vida por meio de reclamação. 

Isso me lembra de algo que li no livro A Mulher V algum tempo atrás, no capítulo sobre Apreciação. Ela comentava sobre como algumas mulheres passam tanto tempo querendo casamento, casa, marido, filhos, independência, etc. Mas depois que conseguem, não demoram a reclamar e desprezar aquelas coisas que diziam tanto querer. Tudo se torna um fardo, como se cuidar da casa fosse algo de menor valor. É a SUA CASA, que graças a Deus você tem! É o seu território, o pequeno espaço do universo que é de responsabilidade sua (isso vale para o seu quarto também, se você for solteiro). Poder fazer uma faxina é uma bênção.

Fala a verdade, você nunca pensou nisso, né? Nunca pensou que fazer faxina é uma bênção. Sinal de que você tem um cantinho para chamar de seu, sinal de que você tem disposição e força física (ainda que chegue cansada do trabalho, o cansaço normal NÃO SE COMPARA à fadiga de alguém que está doente, com problema cardíaco ou neurológico, vá por mim, é como se você passasse uma semana sem dormir e carregando saco de cimento), sinal de que você tem saúde.

E se você ainda não tem saúde, força ou disposição, espero que já saiba valorizar os momentos em que essas coisas dão o ar da graça — e isso acontecerá com mais frequência. Elas davam menos o ar da graça quando eu, por me sentir fisicamente mal, vivia estressada e me forçando mais do que eu aguentava, para ver se conseguia fazer pelo menos o mínimo aceitável. Vivia me cobrando, como se a culpa por tudo ser tão difícil fosse minha. Tive que mudar minha cabeça primeiro, para que meu corpo pudesse começar a reagir. 

Então, comece a olhar diferente para aquilo que te irrita e as coisas vão ficar bem mais leves. 😉 

.

.
.

PS. Os bispos subindo o Sinai e eu limpando a casa, o que, para mim, é bem semelhante em nível de sacrifício e fé! 😃

PS2. Desculpe pelo look do dia. Resolução de ano novo era voltar a escrever e mostrar mais do meu dia a dia, o que eventualmente pode envolver zero glamour e look “Maria da limpeza”. 😄

*Post ampliado do original do instagram @vanessalampert
.
.
.
#ReclameMenos #PorUmMundoSemReclamação #PareDeReclamar #ÉvocêQueEscolheEmQueVaiColocarSuaAtenção #FocoNasPequenasVitórias #CadaFaxinaÉUmaVitória 

Sobre quem você realmente é

photo_2020-01-06_21-16-20

Comecei a colocar algumas coisas do meu dia a dia no Instagram, e escreverei também aqui no blog, porque preciso que você entenda que o nosso modo de pensar tem maior responsabilidade sobre nosso emocional do que as circunstâncias, em si. As pessoas tendem a achar que só dá para ser feliz quando tudo está dando certo, a ponto de estranharem eu estar doente, sorrindo e brincando. Mas a felicidade e a paz interior não podem depender das circunstâncias externas (mesmo quando esse “externo” é o seu corpo rs). 

Não, você não vai me ver triste e sorumbática por estar me sentindo mal, não porque eu esconda ou disfarce, mas simplesmente porque o que acontece por fora não afeta meu estado de espírito. Momentos de tristeza podem acontecer, mas são pontuais e passam muito rápido; meu estado basal é alegria, mesmo quando me sinto cansada, exausta fisicamente  ou mentalmente. 

Esse milagre não é meu, não é da minha natureza. Esse milagre é do Espírito de Deus, que mudou minha natureza dramática em uma natureza de estabilidade e força. Na verdade, ele consertou um desvio de percurso e, à medida que me fez mais parecida com Ele, também me fez mais parecida com como eu deveria ter sido, originalmente. Minha primeira experiência com doença, na primeira infância, não foi tão diferente dessa. Nasci com uma cardiopatia chamada Persistência do Canal Arterial. O Canal Arterial (que também atende pelo pomposo nome de Ductus Arteriosus), é um canal que liga a artéria pulmonar à aorta e é indispensável à vida do feto, mas fecha nas primeiras 48 horas do nascimento. O meu, não fechou, causando sintomas que se agravaram aos dois anos, até os quatro, quando operei, já com hipertensão pulmonar. Eu me sentia muito mal, mas brincava, corria (desmaiava, mas depois levantava e seguia a vida). 

Fiz a cirurgia e no pós operatório os curativos eram chatinhos, mas não dava bola para aquilo, estava mais interessada no que acontecia ao meu redor. A comida do hospital adventista era gostosa e eles me davam gelatina, pêra e suco de uva. A fisioterapia respiratória era feita assoprando uma luva de procedimento (tempos pré-respiron rs), que o fisioterapeuta insistia que era um balão — e eu sabia que não era. Todo mundo era legal e me tratava bem. Fiquei com memória afetiva de hospital (que já perdi depois que fiquei UM MÊS com meu marido internado em Porto Alegre) e minha visão estava lá na frente, no fato de que eu iria conseguir brincar e correr sem perder o fôlego e sem desmaiar. E faria natação, meu sonho! (sonho, até eu começar a fazer rs.)

É claro que o fato de a minha mãe estar sempre calma também ajudou. Nunca a vi se desesperar, nunca a vi chorando ou agindo como se eu fosse morrer. Ela me entregou para Deus e entendeu que estava nas mãos dEle. Tinha certeza de que eu iria ficar bem e decidiu (conscientemente) viver um dia de cada vez, lidando com as situações no momento em que aconteciam, sem ficar antecipando os problemas (o contrário do que eu fiz na maior parte da minha vida). Teria sido mais difícil ficar tranquila se ela fosse uma pessoa histérica, mas acho que teria conseguido, eu realmente não era dramática nesse tempo (intensa, mas não dramática). Depois da cirurgia, fiquei com uma cicatriz enorme nas costas e logo já encontrei um modo de atribuir a ela valor positivo: Só eu tinha aquela cicatriz, o que fazia com que minhas costas fossem testemunhas de algo único!

Então, eu meio que já tinha essa forma tranquila de ver a vida, a confiança que as crianças de quatro anos têm. Deus resgatou em mim algo que já tinha sido soterrado pela insegurança, medo e dúvida que foram jogados na minha cabeça pelos gremlins da vida no decorrer dos anos. Às vezes o que você acha que é da sua natureza, à qual se agarra com tanta força por achar que é da sua “essência”, nada mais é do que um punhado de porcaria que se colou em você muito cedo. Por isso a gente precisa entregar todo o nosso eu para Deus, todo o nosso jeito, todas as nossas reações, nossas vontades, nossas opiniões e padrões de pensamento, sem medo, para que Ele decida o que fica e o que sai. Porque, sejamos honestos, ninguém se conhece tão bem assim para dizer o que é natural e o que foi construído. No fim das contas, só Deus sabe o que é nosso e o que é lixo.

.

.

PS. A foto foi tirada em uma apresentação do jardim de infância, no ano da cirurgia. Vanessinha vestida de baiana. Mas esse bronzeado aí é fake news, a foto é saturada assim e eu não quis alterar no photoshop antes de postar.

PS2. Espero que minha ausência prolongada não tenha causado danos cerebrais irreversíveis em ninguém (nem em mim rs).