Sintonizando na frequência certa

A gente gosta da pessoa, mas se o pensamento não combina, se as coisas que ela faz são contrárias às que nos interessam, se as conversas que ela engata não têm nada a ver com a gente, se ela nunca segue nenhum conselho bom que a gente dá (e continua reclamando), qual é a afinidade? Não adianta só gostar, não dá para ter amizade com quem não tem nada a ver com você, não tem os mesmos interesses, não está na mesma “vibe”.

Com Deus também é assim. Para andarmos com Ele, é preciso entender como Ele é e ajustar nossos interesses aos dEle. Mesmo antes de receber o Espírito Santo, você pode (e deve) fazer isso. Aliás, é o novo nascimento que antecede ao batismo com o Espírito Santo. Funciona mais ou menos como um rádio. Para você conseguir ouvir uma determinada programação, precisa sintonizar o rádio na estação correta. Para receber o Espírito Santo, é preciso sintonizar o seu espírito com o dEle.

E não pense que isso é exclusividade de quem ainda não recebeu o Espírito Santo, isso é algo que todo mundo precisa fazer, senão daqui a pouco a transmissão começa a ficar com chiado e, quando você se dá conta, já não consegue mais ouvir a voz de Deus. É como no rádio, se a sintonia não estiver perfeita, aquela distorção começa a ficar insuportável para os ouvidos e a tendência é se afastar.

Ou fica perfeitamente sintonizado, ou você não vai mais querer ouvir. Vai achar que está sintonizado, mas começará a se cansar…ou vai desligar literalmente (sair) ou simplesmente desligar a atenção, fazendo as coisas mecanicamente, mantendo as aparências, mas com o espírito desconectado (muito útil isso, né? Serve para quê?). Temos que ficar atentos diariamente para permanecer em sintonia com Ele. E isso só é possível por meio da decisão de obedecer, dia após dia. Ele disse: “Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” — João 15.14.

Como eu disse, obedecer. Mas obedecer a quê? Pode começar com isso aqui:

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” Miqueias 6.8

“Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas. E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas estas são coisas que Eu odeio, diz o Senhor.” Zacarias 8.16,17

“Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” Mateus 7.12 (Como sempre, Jesus sendo objetivo e resumindo as coisas.)

Não é nada tão complicado, né? Então, neste Jejum de Daniel, além de se abster de conteúdo secular e se envolver com as coisas de Deus, observe seu próprio comportamento. Deus não espera que você nunca erre, mas Ele espera que você se empenhe em acertar, por amor a Ele. Medite nesses versículos e comece a se esforçar para agir assim (se quiser, pode escrever em algum lugar e carregar sempre consigo. Assim, poderá ler durante o dia e avaliar suas atitudes e, principalmente, suas reações).

Obedecer é crer. Obedecer é servir. Obedecer é sacrificar. Você terá que dizer “não” a si mesmo várias vezes (por exemplo, quando ficar com vontade de falar mal de alguém — ou de alimentar algum pensamento ruim em relação a alguém; quando tiver vontade de se vingar e, em vez disso, decidir perdoar…). Quanto mais dessintonizado estiver, mais “não” terá que dizer. Mas faz parte do processo. E vá conversando sobre isso com Deus durante o dia, pedindo forças para conseguir agir de modo correto com as pessoas, com Ele e consigo mesmo.

Paz, justiça, verdade, benignidade e humildade diante de Deus são as qualidades que precisamos desenvolver para andar com Ele. Humildade, é claro, porque sem humildade, ninguém obedece. Sem humildade você vai querer fazer as coisas do seu jeito, entortando um pouco ali, outro pouco aqui, para ficar mais confortável… Mas com humildade, vai se empenhar em dar o seu melhor pelo melhor dEle. Vai sacrificar o que for preciso, inclusive as conversinhas desnecessárias e os pensamentos esquisitos. Mas a recompensa é inigualável.

Essa é uma limpeza interior que talvez faça com que você descubra algumas coisas meio feias dentro de si, que nem sabia que tinha. Então, terá nojo do que descobrir e pedirá a ajuda de Deus para se limpar do que não conseguir sozinho. Mas pode ter certeza de que Ele estará ao seu lado (aliás, já está, simplesmente por você demonstrar interesse em se aproximar mais dEle) para ajudá-lo a entrar na frequência certa.

 

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Abrindo mão da própria vida

Abrir mão da própria vida, no cristianismo, não é amarrar explosivos ao corpo e explodir sinagogas. Abrir mão da própria vida é, voluntariamente, deixar velhos hábitos, pensamentos e reações para agir de acordo com a justiça e os princípios éticos da Palavra de Deus. Aí o crente lê isso e já pensa: “ah, isso eu já fiz! Já parei de usar drogas, de beber, de fazer isso e aquilo…já larguei a prostituição, a vida do crime e hoje faço x, y e z na igreja”. E a criatura realmente acha que isso é abrir mão da própria vida…

Mudança de hábitos não é mudança de caráter. O que a gente mais vê por aí é crente que tem toda a aparência e fala evangeliquês, mas destila crueldade, preconceito e malícia. Tudo porque nunca entregou porcaria nenhuma. Ou melhor, só entregou porcaria. A vida, mesmo, que é bom, nada. Eu já fui uma dessas. 

Das coisas ruins, a gente abre mão com facilidade. O problema é abrir mão das coisas boas. Quando entendi que tinha que entregar toda a minha vida a Deus, entendi também que o que valesse a pena manter, Ele mesmo colocaria de volta, mas agora, no seu devido lugar. Fiz o que nunca havia feito. Abri mão até do que eu mais gostava, que era escrever. Estava há um tempo sem escrever (porque estava doente), então vivia ansiosa por retomar essa parte da minha vida que era tão importante para mim e para a qual eu tinha me preparado tanto. Mas quando decidi entregar minha vida, entreguei também aquela ansiedade. Estava disposta a não ser mais escritora, se Ele achasse que era melhor.

Parei de frequentar redes sociais, deixei meu blog às moscas e interrompi todos os projetos ligados a escrita. Não fazia sentido decidir nada para a o meu futuro naquele momento se estava entregando tudo. Já estava doente e parada, mesmo, então entreguei absolutamente tudo. Minhas convicções antigas e recentes, minhas decisões, meu passado, presente, futuro, as coisas que eu havia aprendido nas outras igrejas e também na Universal (nessa época, eu já tinha dez anos de Universal e a vida inteira de cristianismo), as dúvidas, o meu jeito, meus hábitos, vontades e relacionamentos.

De algumas coisas eu realmente gostava, mas como já estava de saco cheio de viver aquela mesma vidinha complicada que de tempos em tempos simplesmente travava em depressão, entendi que nenhum preço era alto demais a se pagar. Afinal de contas, o que estava em jogo era muito maior e mais duradouro do que qualquer coisa que eu tinha para entregar.

Esse foi o começo de tudo. Quando decidi zerar tudo e agir como se estivesse chegando agora. Admiti que se eu tivesse entendido alguma coisa direito antes, minha vida não estaria daquele jeito. Se estava, era porque eu tinha entendido tudo errado. Então, era hora de começar a acertar.

Não é difícil fazer isso. É parecido com morrer. Se eu decido morrer, nada mais me importa. Não se leva nada para o além. Então, o que você deixaria para trás se morresse é exatamente o que precisa deixar para trás para nascer de Deus e receber o Espírito Santo, vivendo uma nova vida neste mundo. Mas isso exige uma dose considerável de confiança, não é? E é justamente isso que faz a diferença.

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