Será que isso realmente é inútil?

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Vivemos uma época perigosa. Na internet, se disseminam mentiras e mais mentiras sobre fatos históricos, principalmente os relativamente recentes. A maioria dos jornalistas está preguiçosa e superficial. Como resultado, perdemos nossas referências. Quando isso acontece, podemos tanto repetir os erros cometidos no passado quanto ignorar seus acertos e criar nossos próprios erros por burrice.

É isso o que vemos, dia após dia. Por isso é extremamente importante saber como as coisas eram feitas antigamente e apoio qualquer iniciativa em relação a essa retomada histórica, não apenas referente a como as coisas eram feitas, mas também em como era o comportamento e o pensamento das pessoas antigamente. Seria muita burrice da minha parte não querer saber como viveram os que vieram antes de mim. Sempre aprendi melhor com os erros dos outros, por isso cometi menos bobagens do que minha falta de noção me teria permitido. Não ia a boates ficar com rapazes, pois vi o quanto isso foi inútil na vida da minha irmã. Não cedi ao vício do cigarro porque vi o quanto isso enfeiou meu pai (depois ele acabou morrendo de infarto devido aos vasos endurecidos pelo cigarro).

Apoio iniciativas como “Sobre a arte de viver”, de Roman Krznaric (que ainda não terminei de ler) e o pequeno e menos analítico “Como fazíamos sem”, de Bárbara Soalheiro. Deste último, eu discordo veementemente do prefácio do Pedro Bandeira, com o título “Ah, essa deliciosa cultura inútil!”, em que ele afirma que a única utilidade do livro é nos abastecer de curiosidades para preencher os momentos de falta de assunto.

Sinceramente, fosse eu a receber um prefácio desses, responderia: “desculpe, foi engano.” Não interessa se é o Pedro Bandeira. Se a minha decisão de compra dependesse daquele prefácio, eu certamente não teria comprado. Por que perderia meu tempo com coisas inúteis?

E desde quando conhecimento é inútil? Ok, eu sei que a autora não colabora muito, ao simplesmente apresentar a história como mera curiosidade ao leitor e não iniciar nenhuma reflexão em cima do que apresenta (como é a proposta de Krznaric em “Sobre a arte de viver”), mas eu, como leitora ativa, acabo naturalmente meditando em tudo o que leio. Logo, há uma utilidade mesmo naquilo que, à primeira vista, parece inútil. Se tenho um compilado de informações inúteis, não vou imprimir isso em 144 páginas, por amor aos eucaliptos!

 

O complexo de incômodo

hedgehogMuitas pessoas têm esse tipo de problema. Sempre acham que estão incomodando ou que serão mal interpretadas. O medo do julgamento alheio pode fazer com que você não queira se arriscar, não queira fazer nada fora da zona de segurança, a terrível zona de conforto. Terrível porque ela nos engessa, nos congela e não permite evolução e desenvolvimento. Em outras palavras, você vira uma múmia trancada em um museu.

O engraçado é que isso dificilmente acontece com aqueles que criticam. Esses são cara-de-pau. Falam as maiores barbaridades, desrespeitam e não se incomodam com isso. No entanto, eu recebo muitos e-mails e mensagens (muitos mesmos) de pessoas falando coisas muito legais e quando eu respondo (geralmente um tempo considerável depois, por causa do trabalho), elas comentam que acharam que eu não tinha gostado, que tinham me incomodado e que por isso eu não havia respondido. Não pensem isso, pessoas! Todos os seres humanos gostam de ouvir coisas boas.

Não faz muito sentido evitar falar coisas boas para as pessoas por medo de ser mal interpretado. Se vão achar você exagerado ou se alguém vai te achar puxa-saco, amigo, o problema é de quem olhar você com maus olhos, não é, não? É claro, a gente não vai expor a outra pessoa ou incomodá-la, mas também não pode achar que qualquer interação da sua parte é um incômodo! Eu tinha esse problema (e ainda tenho que lutar contra ele vez ou outra) de achar que estava incomodando o tempo todo. Se eu telefonar, estou incomodando. Se mandar um e-mail, estou incomodando; se aceitar um convite, estou incomodando (e no auge da minha insegurança, eu chegava ao cúmulo de pensar que a pessoa estava me convidando por educação!); se citar a pessoa em algum lugar, estou incomodando. Se eu falar, estou incomodando. Se eu não falar, estou incomodando. Não há saída. Você se transforma em um incômodo ambulante e, na insegurança que o faz ser artificial, acaba realmente incomodando.

Então decidi me livrar desse complexo de incômodo, que, na verdade, é uma insegurança. Eu não faço nada por mera educação. Se aceito algo, é porque quero aceitar. Se convido, é porque quero convidar. Se ofereço, é porque quero oferecer. Procuro não evitar falar coisas positivas e ajudar às pessoas. Procuro não antecipar a reação dos outros. “O que o fulano vai pensar, o que vai achar, etc.” Faço com sinceridade, para ajudar, para fazer o bem. O que a pessoa vai achar, não é da minha alçada. E procuro acreditar nos outros. Se a pessoa diz que quer que eu vá, eu tenho que acreditar que ela realmente quer. Se a pessoa me oferece alguma coisa, eu tenho que acreditar que ela quer dar.

Porque, pense bem, se você acha que a pessoa vai pensar mal de você, é você quem está pensando mal da pessoa. Você está olhando os outros com maus olhos. Está achando que a pessoa é falsa, porque ela fala uma coisa na sua frente e você acha que ela pensa outra coisa pelas costas! Uma coisa que você nunca vai conseguir é ler os pensamentos dos outros. Nunca, nunca, nunca. Então, por favor, pare de tentar. A sua obrigação é olhar todo mundo com bons olhos, pensar o melhor dos outros, assim como você gostaria que os outros pensassem o melhor de você. Ter com os outros o mesmo olhar misericordioso e benevolente que você gostaria de receber. É assim que eu penso. Se as pessoas não forem tão boas assim, não sou eu que tenho que definir previamente.

É uma guerra. É uma luta contra os nossos próprios pensamentos, uma guerra que acontece dentro da nossa cabeça, e que a gente tem todas as condições de vencer. Outro problema é que costumamos desenvolver hábitos em cima dos complexos e das inseguranças. Como, por exemplo, não tomar a iniciativa de mandar um e-mail para alguém, ou esperar que a outra pessoa entre em contato primeiro. Então, mesmo depois de ter vencido os seus pensamentos, o próximo passo é monitorar seus hábitos para ver o que você adquiriu porque faz parte de você e o que você adquiriu por insegurança, mas que gostaria de remover de sua vida.

Uma coisa que eu acho que vale a pena treinar é o hábito de tomar a iniciativa de dizer coisas boas e sinceras quando você tem coisas boas e sinceras para falar. As pessoas ouvem tantas coisas negativas no dia a dia, que você não deveria se envergonhar de dar um sorriso e fazer um comentário agradável quando tiver oportunidade. Não tenha medo do que vão pensar ou falar de você. Seja com os outros a pessoa com quem você gostaria de conviver. Sempre vai ter quem não goste de você, isso é normal, faz parte do pacote. Mas se agir assim, você vai fazer bem a muitas pessoas e ainda será muito mais feliz. 🙂

 

 

PS: Por alguma razão, esse post foi publicado ontem sem estar ainda pronto. Estava nos rascunhos, incompleto e esquisito e hoje descobri que havia sido publicado e o completei. Peço desculpas a quem recebeu notificação de novo post e esperava um novo post. Realmente não entendi e espero que não aconteça novamente, pois tenho uma porção de rascunhos no wordpress, de anotações que eu penso que podem render um texto bacana. Se todas elas fossem publicadas do jeito que estão, certamente seria muito esquisito.