Atenção

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Imagem: Sigurd Decroos

O dicionário Michaelis define “atenção” como “Ação de aplicar o espírito a alguma coisa”. Descobrir essa definição me ajudou a ser mais atenta em tudo o que eu faço, então resolvi compartilhar. Até então, eu achava que “prestar atenção” era só olhar para uma determinada coisa e tentar entender. Mas quando eu via, meus pensamentos estavam voando para outros lugares. No entanto, quando soube que deveria aplicar o espírito àquilo que exigia minha atenção, aprendi a focar meus pensamentos.

Porque o meu espírito é o meu intelecto e é ele que deve focar na reunião, por exemplo, ou no livro que estou lendo, ou no texto que estou escrevendo, ou na louça que estou lavando (evita quebrar copos e pratos) ou mesmo na conversa que estou tendo com o meu marido. É meu espírito, não meu corpo, meus olhos ou meus sentimentos.

No cérebro, a atenção é a porta da memória. Se presta atenção, grava. Se não presta atenção, não grava. Se conscientemente eu aplico meu espírito ao ato de colocar os óculos na gaveta, por exemplo, naturalmente quando eu os procurar, saberei onde estão. Faça o teste. Se o seu espírito estiver presente em tudo o que você fizer, até mesmo nas pequenas coisas do dia a dia, você fará tudo muito melhor. E, como a memória é indispensável para o aprendizado, você conseguirá aprender mais, desenvolver novas habilidades e certamente fará tudo o que se dispuser a fazer.

Talvez para você isso já seja normal, mas para mim, sinceramente, foi uma revelação. Não que eu não fizesse isso naturalmente quando necessário, mas quando você tem consciência de como um processo funciona, é muito mais fácil colocá-lo em prática. Trazer para o nível consciente é adicionar uma nova ferramenta ao seu “cinto de utilidades” mental, que você poderá ter a seu alcance sempre que precisar. Poderá, por exemplo, prestar atenção em alguma coisa que você precisa fazer, entender, saber, ler ou aprender, mesmo sem estar interessado naquele assunto.

Me dei conta de que nunca havia escrito sobre isso, mas esse foi o exercício determinante para que eu saísse de um nível severo de “déficit de atenção” (que fez minha adolescência ser um desastre) e me tornasse a pessoa focada e perfeccionista que, no fundo (beeeem no fundo), eu era. E naquela época nem tinha total consciência de como o processo funcionava, eu o aplicava aos trancos e barrancos. Mas depois que descobri a “Ação de aplicar o espírito a alguma coisa”, somada ao meu entendimento sobre sacrifício, tudo se tornou possível. Até encontrar as minhas chaves. 🙂 Ainda tenho muito a desenvolver nessa área, mas pelo menos agora eu sei por onde começar.

Das coisas que eu não entendo

Indo para o supermercado, passamos pela Av. Paulista. Um palco gigante montado para o “show da virada” (patrocinado pela prefeitura, porque o dinheiro está sobrando, né?), dezenas de banheiros químicos sob o MASP (nunca vi tanto banheiro químico na minha vida), caixas de som e telões por quilômetros…o que leva os seres humanos a se amontoarem no meio da rua para ficar pulando ao ritmo de um som ensurdecedor, bebendo e gritando no meio de um monte de gente desconhecida?

Tudo para verem fogos…uma profusão de luzes e barulhos que são sempre iguais. Não tem um objetivo, não tem uma utilidade prática…e eu me sinto, pra variar, um alienígena ao imaginar que realmente milhares de terráqueos se reunirão na avenida e farão filas nas portas dos desconfortáveis banheiros no meio da rua. Sem contar os riscos de se estar no meio de uma multidão de desconhecidos bêbados.

Se você acha isso o máximo, ok, eu respeito. Não entendo, mas respeito. Que bom que isso te faz feliz. Espero que mude a sua vida e que tenha um impacto muito positivo no novo ano. Mas quando vejo esse tipo de coisa me lembro da política do pão e circo. Mais circo do que pão no Brasil, você há de convir.

 Imagens dos anos anteriores:

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Uma multidão reunida com o objetivo de prejudicar a audição com músicas absurdamente altas, apertada (muito apertada, veja que há pouca ou nenhuma distância entre um terráqueo e outro) entre desconhecidos que estão lá com objetivos semelhantes (ou não).

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Note que essa galera que está muito no fundo (a maioria, já que o evento reúne mais de um milhão de terráqueos) fica vendo a coisa toda por telões que, pela quantidade de pessoas e largura da avenida, poderiam ser chamados de “telinhas”… E ouvem por caixas de som… Esses estão aí pelo prazer de ficar de pé entre outros terráqueos, já que se fosse pelo show propriamente dito poderiam ter experiência semelhante no conforto de suas casas em frente à TV (o que seria igualmente bizarro, mas menos cansativo).

 

PS. Alguém decidiu que toda a população se interessa por esse tipo de coisa.  A mídia ganha com isso, o governo ganha com isso (aka pão e circo), as estatísticas de acidentes ganham com isso… e a população?

PS2.  Todo ano aguardo o retorno da Nave mãe.