Resenha – Amor de Redenção

Resenha originalmente publicada na Seção Livros do blog de Cristiane Cardoso

Amor-de-Redencao

De cara, o que chama atenção neste livro é a belíssima capa. O vestido vermelhíssimo está em relevo e é a única parte com brilho, sugerindo cetim (é a mesma capa usada na versão original). Também chama a atenção o tamanho do livro…são quase quinhentas páginas, mas a leitura flui com facilidade, é daqueles que você não consegue mais largar.

As pessoas aprendem muito com a ficção. Infelizmente, quem gosta de ler romances fica com poucas opções, porque o que o mundo nos oferece é uma porção de livros legaizinhos, mas que precisam ser lidos com lupa para que nossos olhos felizes encontrem alguma coisa boa. E nossos jovens têm aprendido algumas abobrinhas nas livrarias da vida.

Amor de Redenção é, para mim, o símbolo de um sonho. Ficção cristã é algo que eu acredito que deveria ser melhor explorado, tanto em livros para o público cristão quanto para o público em geral. O sonho de ver (e escrever, por que não?) boa ficção cristã com essa qualidade de execução e impressão, mas made in Brazil permeia minha mente sempre que eu olho para os livros de Francine Rivers. E ainda feitos sob um ponto de vista não religioso, mas de fé. Imagine comigo. Algo que alcance não apenas a cristãos, mas a todos os que gostam de boa literatura.

Assim é Amor de Redenção. Gosto mais do título original, Redeeming Love (Amor Redentor). Para mim há grande diferença entre “Amor Redentor” e “Amor de Redenção”, pense bem nesses dois termos. Mas a escolha pelo segundo com certeza foi feita para que lembrasse o título da obra do português Camilo Castelo Branco. Não pode ser coincidência, já que a primeira coisa que me veio à mente ao ver “Amor de Redenção” foi “Amor de Perdição”. Este último, um clássico da literatura portuguesa escrito por Camilo Castelo Branco há mais de cem anos, é um romance curto, muito bem escrito, cuja história é um drama horroroso que não te acrescenta nada de bom. Já “Amor de Redenção”, de Francine Rivers, é um romance longo, bem escrito, publicado em 1991, cuja história é maravilhosa, positiva e te acrescenta tudo de bom. Deu para perceber a diferença?

Era desnecessária a semelhança do título de Redeeming Love com o do romance de Castelo Branco. Primeiro porque mesmo que a ideia fosse fazer um contraponto, as histórias não se parecem em nada e eu realmente duvido que Francine Rivers já tenha ouvido falar do nosso amigo Camilo. A tradução do título gerou uma certa antipatia em mim de início, mas isso é porque sou meio ranzinza com essas coisas.

Vamos então ao que interessa.  Francine te convence da existência de seus personagens, ela é muito boa na construção deles. A história também é envolvente e fala de um amor sacrificial, construído, que é algo parecido com o que o amor é. Apesar de ela carregar um pouquinho nas tintas em alguns momentos. Amor de Redenção é uma história de época e conta a vida de Angel, uma garota que teve uma infância difícil e uma adolescência pior ainda, indo parar na prostituição. Já sem perspectiva nenhuma de futuro, ela conhece Michael, um rapaz que encasquetou que quer casar com ela.  A história fala da dificuldade de Angel se desvencilhar do passado, se entregar à sua nova vida e confiar no marido. Ela acha que todos os homens são iguais e o julgamento que faz deles não é nada bom. O livro não é moralista, nem religioso. Gosto da maneira delicada com que ela conduz a história, sem descambar para o sentimentalismo barato.

Só senti falta de algumas informações que nós temos e que ajudariam o leitor leigo a entender o que aconteceu na vida e na mente de Angel e de Michael. Angel é atormentada por vozes negativas dentro de si, mas uma pessoa que não conheça o mundo espiritual pode achar que aquelas vozes são dela mesma. Outra face do mesmo problema, no livro os inimigos são as pessoas. Em nenhum momento se explica a razão do sofrimento da mãe de Angel e dela mesma na infância e talvez isso tivesse ajudado àqueles que passam pela mesma situação. É claro que eu não queria um “Este Mundo Tenebroso” dentro de um “Amor de Redenção”, mas alguém explicando a Angel sobre a origem do mal já ajudaria. Este foi o único ponto que o livro não abordou, mas o restante que realmente importa…puxa, ela mostra de um jeito tão claro e não-religioso que fica impossível não entender.

O início tem um ritmo mais acelerado porque ela quer chegar logo na idade adulta da moça. Quando finalmente chega, engata uma marcha mais lenta, mas ainda bem dinâmica, envolvente, legal de ler. Mais para a frente, lá pelo meio, o livro se arrasta um pouco. Você lê porque quer saber logo o que vai acontecer, mas algumas cenas que não fariam falta se não existissem. Lá para o final a história acelera novamente, justo quando você quer ver as coisas se desenrolando. Aqui algumas cenas intermediárias fizeram falta. Deu uma certa tristeza quando acabou porque é difícil encontrar uma leitura tão agradável quanto foi Amor de Redenção.

Coisa rara hoje em dia, o livro traz uma mensagem positiva e que ajuda o leitor a crescer e a entender o amor sacrificial, o amor redentor. Ao terminar, a história continua em sua cabeça, pedindo para você pensar mais. É muito profundo mesmo. Por outro lado, li resenhas que diziam: “chorei cântaros”, “me derramei em lágrimas” e concluí que tenho algum problema. Não chorei no livro, acho que mesmo nos momentos em que ela carrega um pouco nas tintas emocionais, “Amor de Redenção” não é um drama feito para te provocar fortes emoções. O que, para mim, é um ponto positivo.

É importante mexer com as emoções do leitor? Sim, é, naturalmente, porque se você constrói um personagem verdadeiro, é inevitável que o leitor se envolva e entenda o que ele sente. Isso se processa parte em suas emoções. No entanto, a base da leitura é a mente. Se você tiver uma leitura que se baseie apenas em sentimentos e seja processada totalmente na área emocional, terá um livro superficial que pode até deixar marcas, mas que não armazenará nenhuma informação útil na cabeça de quem o lê.

É um equilíbrio delicado que em minha opinião Francine consegue atingir. Não se assuste com a espessura do livro. Se você ainda não leu, vale a pena investir. Não apenas te causa um impacto positivo como tem uma mensagem espiritual muito forte, é uma leitura prazerosa de entretenimento e ainda um excelente exercício para o cérebro. Incrível, eu terminava de ler e percebia o quanto minha atenção estava melhor. Nenhum medicamento que eu tomei no passado fez por minha mente o que este livro fez. Quase consegui ouvir o chorinho de neurônios recém-nascidos no berçário da maternidade do meu cérebro. Como eles se desenvolvem muito rápido, logo estavam caminhando, comendo papinha, dizendo “mã-mãe” e aprendendo matemática. “Amor de Redenção” se mostrou um dos livros mais multifuncionais que já li.

Uma coisa ruim é que não temos todos os livros da Francine Rivers traduzidos para o português ainda (novidade, né?), mas a notícia boa é que você encontra “Amor de Redenção” em livrarias, junto de romances seculares, com sua lindíssima capa competindo de igual para igual. Atualmente (março de 2012), você o encontra por no máximo quarenta Reais, o que é um preço muito bom para um romance de 460 páginas. Não se esqueça das dicas da Patrícia Lages sobre dinheiro e pesquise os preços também na internet antes de comprar. “Amor de redenção” é um livro para se ler, reler, ler novamente e recomendar muito. Estou fazendo a minha parte.

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PS: Peço um pouquinho de paciência porque estou hiper focada no trabalho então acabo não conseguindo responder aos comentários como gostaria e levei uma semana para escrever esta resenha…rs…mas sei que vocês são compreensivas e não vão me abandonar por causa disso…hehehe…

PS2: Sei que muitas de vocês já leram este livro e vão me perguntar sobre o mais recente “A esperança de uma mãe” (Her mother’s hope). Paciência, paciência. Esse não li ainda,  estou lendo lentamente.  O livro é a primeira parte da história. A continuação, “Her daughter’s dream”, ainda não tem tradução brasileira.

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The Love Walk

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Quando ouvi falar a primeira vez sobre a Caminhada do Amor (promovida pelo programa Escola do Amor), achei que fosse um passeio a dois e fiquei animada, mas quando soube que o objetivo era promover o diálogo, a animação diminuiu. Achei que não era para a gente e que meu marido nem aceitaria o convite, afinal de contas, o que eu e o Davison mais fazemos é conversar.

Mas como uma aluna aplicada do programa Love School, decidi dar uma chance ao evento e convidei meu esposo. Adquiri o kit e me empolguei com a ideia de conhecê-lo mais. Achava que sabia a resposta de todas as perguntas do questionário e pensei em qual tipo de pergunta poderia fazer para tirar algo novo como resposta. Veja só que arrogância! Eu realmente achava que precisaria fazer perguntas extras!

Eis que o dia chegou e fomos ao Parque do Ibirapuera. Pouco antes dos alunos se reunirem com a Cristiane e o Renato, nossos professores, Davison já quis começar com as perguntas (e eu que achava que ele não estava muito animado com a ideia…). Ao olhar o questionário e ver que teria de respondê-lo a sério, senti um frio percorrer a espinha pela primeira vez. Eu não estava tão confortável com aquilo quanto imaginei que ficaria! Descobri em mim uma resistência a falar das coisas mais profundas, me ouvi dizendo: “puxa, essas perguntas são complexas…” Isso me pegou de surpresa. Sou reservada em falar de mim com outras pessoas, mas sempre me achei um livro aberto com ele! Mas as surpresas estavam apenas começando.

Quando Cris e Renato chegaram, o pessoal se aglomerou para ouvir as últimas instruções e depois todos se dispersaram. Caminhamos e continuamos a fazer e responder as perguntas…fui ficando mais à vontade com aquele exercício…talvez tenha sido efeito da endorfina liberada pela caminhada, mas em pouco tempo estávamos conversando tão aberta e profundamente que mal notamos o passar das horas.

Foi muito especial para mim ver meu marido se abrindo sem reservas, sem medo de eu reagir mal e ficar na defensiva (até porque isso era contra as regras e eu sou uma aluna aplicada…hahaha…) e consegui descobrir muito mais do que passa dentro daquele indivíduo de quem eu gosto tanto. E o que fazer para agradar e fazer com que ele fique mais feliz (amo vê-lo feliz!).

Não temos problemas horrorosos, mas identifiquei dois problemas em mim que para ele têm um impacto muito grande e prontamente me comprometi a mudar. Não teria percebido que aquilo era tão importante para ele se não tivéssemos esta conversa de hoje. Aumentou a confiança e a intimidade e realmente conseguimos conhecer ainda mais um do outro. Ele chegou em casa felicíssimo com o resultado, e eu também.

De quebra, conseguimos conhecer o Ibirapuera (finalmente!), caminhamos bastante, sentamos um pouco, foi divertido ver outros casais com a camiseta do Love School, no mesmo espírito, conversando como nunca fizeram antes. Cada casal parecia estar sozinho, os dois completamente concentrados no que estavam conversando. Cada casal era um mundo. Formamos uma linda galáxia de alunos. 🙂

Tudo isso em uma paisagem deslumbrante. O parque é lindo, das maiores estruturas aos mínimos detalhes. Vimos até uma mamãe pata com patinhos filhotes amarelinhos fofos (quem me conhece sabe que amo bichos. Especialmente “pateenhos”). Não deu para tirar foto porque ela se escondeu rapidamente, para proteger seus filhotes dos filhotes humanos, no que foi muito sábia. Foi muito prazeroso e saímos de lá planejando um piquenique!

Chegamos realmente exaustos da caminhada e com os joelhos doloridos (descobri que estou mais enferrujada do que gostaria). Se fossemos pessoas normais que sentam (e deitam) na grama, talvez tivéssemos nos cansado menos, mas valeu muito a pena. The Love Walk abriu minha concha e nos uniu muito mais. Nós dois seguimos as regras direitinho e mesmo os assuntos mais espinhosos não se tornaram um problema. Foi um dia abençoado. Literalmente. Depois que terminamos de responder à vigésima pergunta, não acreditei! “Já acabou?” – perguntei. Gostei tanto que queria responder ao questionário reservado aos solteiros…hahaha…para ver se ele queria casar comigo, já que terminei a conversa amando ainda mais. 😀

Gostaria de agradecer ao pessoal da Escola do Amor pela oportunidade preciosa que tivemos. Nunca poderia imaginar que uma iniciativa dessas seria tão especial depois de quase oito anos de casamento.

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