Será que é possível?

Estava meditando na passagem de Ezequiel 37.1-6. O profeta narra o momento em que Deus o coloca no meio de um vale cheio de ossos.

“Veio sobre mim a mão do SENHOR, e Ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.”

Perceba a imagem. Havia muitos ossos naquele vale, ele diz que eram “mui numerosos sobre a face do vale”, ou seja, praticamente um “mar de ossos”. E, segundo o relato, não estavam apenas secos, mas sequíssimos. A julgar pelo restante do livro, Ezequiel não me parece ser uma pessoa muito dramática, que usa superlativos à toa. Ele só diria que os ossos estavam sequíssimos se realmente estivessem assim. Já deveriam estar rachados, esfarelando, em uma situação além de qualquer esperança. Estavam prestes a virar pó. Então, diante daquela situação irreversível, Deus pergunta:

“E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor Deus, Tu o sabes.”

Olha que coisa linda. Ezequiel já conhece tanto a Deus que nem se arrisca a dizer “é impossível”. Ele sabe que Deus é surpreendente. Quando Deus faz uma pergunta cuja resposta (humanamente falando) seria: “é impossível”, a pessoa que conhece Deus de verdade e que está olhando as coisas sob o ponto de vista certo só poderia responder: Senhor Deus, só o Senhor sabe. Só Ele sabe o que é possível e como é possível.

Só Deus tem autoridade para dizer se algo é ou não possível. O gerente do banco não tem autoridade para isso, o amigo não tem autoridade para isso, o especialista x ou y não tem autoridade para isso, o advogado não tem autoridade para isso, o juiz não tem autoridade para isso, o médico não tem autoridade para isso. Seus pensamentos negativos não têm autoridade para dizer que algo é impossível, que não tem jeito ou que você não vai conseguir. Ninguém pode dizer que algo é impossível, nem o profeta se atreveu!

A resposta de Ezequiel é a resposta de alguém que está na dependência de Deus. É a resposta de quem sabe que Ele trabalha em outra dimensão, que a realidade, quando está nas mãos dEle, pode ser dobrada ou desdobrada do jeito que Ele quiser. Quando a gente confia em Deus, sabe que pode esperar dEle o impossível.

“Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que Eu sou o Senhor.”
Ezequiel 37.1-6

Então essa era a diferença de Ezequiel: Deus já tinha colocado nele o Espírito. Por isso ele conhecia Deus, sabia quem Deus era e sabia o que esperar dEle. Ao ver uma situação aparentemente impossível e ser confrontado com aquela pergunta: “filho do homem, porventura viverão estes ossos?” a única resposta que Ezequiel poderia dar era a que ele, de fato, deu: Senhor Deus, TU o sabes.

Não sei você, mas eu nunca mais vou ver uma situação aparentemente impossível da mesma forma. E nunca mais vou responder a uma dúvida com medo. Diante de um “será que vou conseguir?” direciono a resposta a Deus: “Senhor Deus, TU o sabes“. E que Ele dê a resposta diretamente ao problema, para que eu possa profetizar a Palavra que traz à existência o impossível.

 

 

 

PS. Este post foi publicado originalmente em 2018! Mas a Palavra de Deus é atemporal. E diante do propósito do vale de ossos secos, me lembrei desta palavra que Deus me revelou e que tem me acompanhado desde então. Às vezes tudo o que a gente precisa é lembrar do que Deus já nos disse.

A história de Gideão – Final – Tragédia anunciada

Tragédia anunciada: (Juízes 8.33-35)

Assim que Gideão morre, os filhos de Israel voltam a adorar os falsos deuses, deixam Deus e não têm consideração para com os filhos de Gideão. Isso já era esperado, afinal de contas, em vida, ele permitiu que o povo direcionasse a ele a reverência que deveria ser somente de Deus.

Ou seja, ainda que tenham deixado o culto a outros deuses, eles acabaram se afastando de Deus e colocando sua confiança no homem, fazendo a vontade do diabo. Dessa forma, eram tão servos do diabo quanto quando se curvavam para Baal. Assim, quando ele morreu, continuaram seguindo ao seu senhor — o diabo — e voltaram ao que faziam antes.

E tudo o que Gideão tentou construir — sua descendência — foi destruída por suas próprias má escolhas, visto que seu filho Abimeleque matou os outros irmãos na tentativa de se tornar rei. Gideão fez o bem a Israel enquanto estava com Deus. A partir do momento em que decidiu seguir sua própria cabeça, não conseguiu fazer bem nem a si mesmo.

Isso nos ensina que a caminhada da fé não termina na troca de espírito. Ela não termina quando descemos o Altar. Ela não termina quando vencemos a guerra. Quando a guerra é ganha, precisamos triplicar a vigilância, porque desta vez o inimigo pode ser nosso próprio coração.

O diabo vai tentar usar tudo o que puder para nos tirar da fé depois da vitória, nos fazendo focar nas coisas deste mundo, nos tentando a absorver os elogios dos outros (quer sejam elogios sinceros, quer sejam lisonjas) ou nos fazendo achar que agora temos o direito de descansar.

Não há descanso nessa peleja. A vida é uma guerra, mesmo quando tudo parece em paz do lado de fora. Infelizmente, o final da história de Gideão é uma lição do que não se deve fazer, mas é possível entender o que ele deveria ter feito para acertar, e o que devemos fazer, em nossa vida, para evitar o laço em que ele caiu.

O segredo para não perder tudo o que conquistamos — e que ainda vamos conquistar — pela fé (principalmente a salvação) é colocar a Deus em primeiro lugar (a consciência de que somos os segundos), manter o temor (e a noção de que tudo vem dEle), reter a sinceridade e a obediência à vontade dEle, sem ceder às nossas, até o fim. Quem fizer isso, não erra.

 

Vanessa Lampert

Originalmente postado em: A história de Gideão – final.

Leia também: 

– A história de Gideão – parte 1

– A história de Gideão – parte 2

– A história de Gideão – parte 3

– A história de Gideão – parte 4

– A história de Gideão – parte 5

– A história de Gideão – parte 6

– A história de Gideão – parte 7 

– A história de Gideão – parte 8 

– A história de Gideão – parte 9

– A história de Gideão – parte 10

– A história de Gideão – parte 11

– A história de Gideão – parte 12 

– A história de Gideão – parte 13 

– A história de Gideão – parte 14 

– A história de Gideão – parte 15 

– A  história de Gideão – parte 16

– A  história de Gideão – parte 17

– A  história de Gideão – parte 18

– A  história de Gideão – parte 19

– A  história de Gideão – parte 20

– A  história de Gideão – parte 21

– A  história de Gideão – parte 22

– A  história de Gideão – parte 23

– A  história de Gideão – parte 24

– A  história de Gideão – parte 25

– A  história de Gideão – parte 26