Por um mundo coerente

city-3000060_640

Deixei de lado a maioria das bandeiras que costumava apoiar (e não levantei nenhuma bandeira oposta no lugar das antigas) simplesmente por ver que, no tocante a opiniões divergentes em assuntos sensíveis, o mundo tem se mostrado extremamente incoerente.

Quem critica aqueles que jogam no time adversário (seja em qual assunto for), reclamando do modo injusto de fazerem as coisas e, na primeira oportunidade, usa as mesmas estratégias que critica nos outros, merece credibilidade?

Vejo a hipocrisia do mundo gritando nas redes sociais, a qualquer hora do dia ou da noite, quer o indivíduo esteja defendendo x ou y, direita ou esquerda, religião ou ateísmo, Inter ou Grêmio. A maioria sequer enxerga o que faz e não consegue entender o que diz. Se revolta quando vê uma mentira contra si mesmo ou contra os seus, mas fecha os olhos quando a mentira vai beneficiar aqueles que são seus amigos ou prejudicar os que considera inimigos.

Como exemplo, já vi sites que eu admirava pelo compromisso com a verdade (assim eu acreditava) publicarem coisas que eu sabia que eram mentira. Alertei e mostrei que era mentira, mas preferiram ignorar e manter a mentira lá. Mas fazem o maior estardalhaço quando encontram outro site, revista ou jornal publicando mentira contra aquilo que eles defendem. Dois pesos, duas medidas.

Isso acontece porque o mundo vive na injustiça. Chafurda na injustiça como porquinhos na lama. Não podemos mudar a cabeça das pessoas, mas podemos avaliar nossa própria justiça. Será que você realmente gosta do que é justo ou só quando lhe convém? Será que está disposto a defender o direito de um desafeto ser visto como inocente, até provas concretas em contrário serem apresentadas, ou prefere acreditar em qualquer denúncia/fofoca? Será que está disposto a dar ao seu inimigo aquilo que você mesmo gostaria de receber?

Se você quer ser justo, seja justo com todos, não apenas com aqueles que pensam como você. Quem critica o preconceito no outro tem de ser capaz de identificar o preconceito em si mesmo e rejeitá-lo imediatamente, com a mesma fúria que usaria ao se deparar com qualquer outro preconceituoso. Quem odeia mentira, não tolera a mentira que lhe convém. Quem não aceita maledicência, não é conivente quando ela vem contra um desafeto seu.

Isso é coerência no discurso. É o mínimo que se espera de quem se diz racional, de quem não se une à maioria para torcer o direito. É o mínimo que se espera de quem quer ser justo.

 

.

O amor do noivado

maldives-698501_640

“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: assim diz o Senhor: Lembro-Me de ti, da afeição da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto, numa terra em que não se semeava.” Jeremias 2.2

A afeição da mocidade aqui tem a ver com a fidelidade e lealdade que Deus encontrou em Seu povo assim que fez uma aliança com eles quando os tirou do Egito. Você deve se lembrar. Como quando Deus tirou você daquele buraco em que você se encontrava.

Ele se lembra da lealdade do início. O amor do noivado está explicado no próprio versículo: segui-Lo, mesmo no deserto. O deserto é uma terra em que não se semeia, isto é, um lugar em que temos que depender de Deus integralmente. Isso é amar. Depender dEle, segui-Lo, manter-se fiel.

Essa noiva seguia o Noivo pelo deserto porque confiava nEle. Sabia que, com Ele, nada lhe faltaria. Confiança, fidelidade e lealdade corriam dos dois lados. O pacto feito entre o Noivo e a noiva é sério e puro. Há responsabilidade de ambas as partes. Ele cuida dela; ela confia nEle.

Isso independe do que está acontecendo em nossa vida. Independe de haver recurso ou não no deserto. Independe do que estamos sentindo e mesmo do que se passa dentro da nossa cabeça. Nós confiamos e sabemos que Ele é digno de nossa confiança.

Queremos Sua companhia muito mais do que queremos respostas ou resolução de problemas. Queremos experimentar do Maná muito mais do que queremos plantar em uma terra fértil. A hora da terra fértil vai chegar. Enquanto estamos no deserto, queremos segui-Lo. Essa é a afeição da mocidade. Esse é o amor do noivado.

Então, a pessoa sai do deserto e se acomoda. Está em uma situação em que seria até mais fácil segui-Lo, mas começa a se ocupar com o trabalho de plantar e colher, como se tudo dependesse da força do seu braço. Na verdade, isso muitas vezes acontece mesmo antes de sair do deserto…depois de um tempo, a pessoa se envolve demais nos cuidados do dia a dia, ocupa seu tempo e sua cabeça com outras coisas e se esquece de Deus. Ela se esquece da aliança que fez com Ele. Mas Ele nunca se esquece.

Para Deus, uma aliança é coisa séria. E Ele leva a sério, até o fim. Ele permanece fiel, pois não pode negar a Si mesmo. Por isso, Ele não desiste de nós. E a razão de Ele dizer que Se lembra do amor do seu noivado e da lealdade do início é para que você também se lembre e retome aquelas atitudes, ainda que, no começo, o sentimento não acompanhe.

Nossas decisões e pensamentos geram atitudes e nossas atitudes geram sentimentos. Para o bem ou para o mal. A disposição que você apresenta ao buscar a Deus em oração é muito mais importante do que as palavras que usa. Se chegar até Ele como a noiva que segue seu noivo até o Altar, com certeza O encontrará lá.

 

.

PS: Se você nunca foi essa noiva, aproveite a oportunidade para se tornar, fazendo uma aliança com Ele. E se já foi, volte a segui-Lo, mesmo no deserto.

PS2: Na frase “afeição da tua mocidade”, desse versículo de Jeremias, a palavra original, chesed, em algumas versões traduzida por “afeição”, em outras por “piedade”, “misericórdia”, ou “devoção”, tem muito mais a ver com a lealdade que deve haver entre as duas pessoas que fizeram um pacto do que meramente com algum sentimento.