O parque de ilusões

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Parece incrível, mas o que impede as pessoas de entregar sua vida a Quem pode lhes fazer feliz é o fato de elas terem sido enganadas por este mundo a vida inteira.

O mundo é um parque de ilusões. A pessoa passa a vida toda achando que tem alguma coisa, que é alguma coisa, que sabe alguma coisa. Lá no fundo, ela sente que é uma farsa, mas não pensa muito nisso.

Ela também é enganada para achar que alguma coisa deste mundo tem valor. O papelzinho retangular colorido cheio de bactérias que carrega para lá e para cá se torna um deus. Tudo é feito em função dele. Quando começa a ter mais papéizinhos do que consegue carregar no bolso, substitui por um retângulo de plástico tingido com letras prateadas que desbotam (e sujam a mão).

E se acha mais importante quanto mais frescura tiver o pedaço de plástico. O dourado é melhor que o vermelho, o prateado é melhor que o dourado e o preto é melhor que o prateado, mas o plástico é o mesmo, a máquina em que foram feitos é a mesma. E os papéizinhos que os diferenciam, na prática nem existem. São números em um computador.

O mundo insiste em martelar o mantra de que aproveitar a vida é sair para um lugar cheio de gente (na maioria, estranhos), mal iluminado, barulhento, com cheiro de fumaça e, nesse lugar, de preferência sacrificando o descanso (aquele que serve para recuperar seu corpo, aumentar sua longevidade e protegê-lo de futuras doenças horríveis), pular e sacudir ao som de um barulho extremamente alto, ingerir grandes quantidades de um líquido de sabor amargo, que irrita a mucosa do esôfago e do estômago, inflama o fígado e sobrecarrega os rins — além de destruir neurônios e atrofiar o cérebro. Além, é claro, de encostar a boca aberta nas bocas abertas de pessoas de hábitos de higiene oral e saúde desconhecidos (não vou entrar em detalhes sobre outras partes do corpo que encostam em pedaços de humanos desconhecidos). Isso, para o mundo, é “curtir a vida”.

A vida, para o mundo, deve girar em torno do papelzinho colorido e de atividades como ouvir um barulho e ficar sacudindo de modo a causar prejuízo às suas articulações, passar o dia olhando para um retângulo brilhante enquanto tamborila seus dedos sobre ele, gastar horas conferindo as atividades de outros humanos ou fingindo viver uma vida que não é sua. Trocar papel colorido por pedaços de pano costurado, tijolos empilhados, latas com rodas e uma porção de outros materiais também traz felicidade, segundo o mundo.  

O mundo também diz que ser visto e reconhecido por milhares de desconhecidos deveria ser o objetivo de uma vida. Para muitos, aparecer em um retângulo brilhante na casa de muitas pessoas traz a sensação passageira de ser alguém. Para outros, o simples aviso de que várias pessoas clicaram em um botão embaixo de alguma coisa que ele publicou em outro retângulo brilhante já traz alguma satisfação momentânea.

O mundo faz você acreditar que seu nariz não é como um nariz humano deveria ser (embora não haja nenhum manual do fabricante para dar respaldo a essa afirmação) e garante que a única saída é dar muitos papéis coloridos para outro humano quebrar seu nariz, tirar um pedaço dele e colocá-lo supostamente na posição “certa”.

O mesmo com suas mamas, barriga, pernas, braços, lábios, rugas, cabelo, pele…aparentemente, não há nada de certo em seu corpo e é necessário conseguir muitos papéis coloridos a vida inteira para tentar consertar o que alguém disse que está errado. Mas a esperança de felicidade também vem no pacote.

Além disso, o mundo também tenta convencer de que a pessoa alcançará a felicidade se encontrar outro ser humano que traga os problemas dele para se juntar aos dela e criar vários outros a partir da junção dos dois, de preferência vivendo na mesma casa, tendo que compartilhar as coisas enquanto cada um está pensando em si mesmo, querendo que o outro supra suas necessidades (afinal de contas, foram ensinados assim pelo mundo). E, como a pessoa não se sente suficientemente feliz assim, o mundo a convence de que a fonte da felicidade está na reprodução da espécie e que, se fizer mais um ser humano para sofrer neste mundo, sua vida terá sentido.

Depois, o mundo garante que a causa do sofrimento é justamente o ser humano com quem a pessoa se uniu e que a solução é se afastar daquele ser humano e encontrar outro com o qual possa fazer exatamente as mesmas coisas e ter os mesmos resultados. Mas, por alguma razão, ela acredita que será diferente.

O vazio permanecerá, mesmo se a pessoa conseguir cumprir todas as exigências deste mundo. Ele não cumpre nenhuma das promessas que faz. Não há felicidade, não há alegria que não seja momentânea, não há necessidades supridas, não há sensação de plenitude. Só cansaço, frustração e ilusões despedaçadas. No final, fica a amargura de quem só conheceu o engano e acha que isso é tudo o que existe.

E este mundo é uma sala de espera, mas quer nos convencer de que ele é o destino final. As pessoas estão aqui, brigando e lutando por coisas que em breve vão passar. Não têm como saber o que virá depois, mas vivem como se não tivesse nada depois. Um dia, porém, todos nós seremos chamados pelo nome. Cada um para o lugar em que escolheu estar enquanto estava na sala de espera. E a gente não escolhe com esperança, com palavras ou com vontade. Quando escolhemos em que iremos gastar nosso tempo, a o que daremos atenção ou em que demonstraremos interesse, ou quando definimos nossas prioridades, estamos escolhendo a porta que se abrirá para nós quando nosso nome for chamado.

Agora esse texto faz sentido:

“Então disse Jesus aos Seus discípulos: se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de Mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” Mateus 16.24-26

Este mundo é uma porcaria, assim como a vida vivida em função dele. Na verdade, o que este mundo realmente quer é a sua alma. Ela é a única coisa realmente preciosa. E é por isso que vale a pena renunciar ao que for para entregá-la ao Único que pode mantê-la a salvo e dar a você a chance de saber o que é a vida, de verdade, fora do parque de ilusões.

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#JejumdeDaniel #Dia5

Leia também:  O deserto em mim

 

 

Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .

Como se entregar 100%?

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Dia desses alguém fez essa pergunta no Facebook, mais especificamente nos comentários da transmissão de uma reunião do Bispo em que ele falava sobre a necessidade de se entregar 100% a Deus. O post de ontem no blog dele também falava sobre isso, que muita gente não nasceu de Deus porque ainda não se entregou. Hoje, relendo “Somos todos filhos de Deus?”, encontrei o seguinte trecho:

“[…] o Espírito Santo não pode gerar uma nova vida em alguém que não morreu. Ninguém pode viver duas vidas simultaneamente. […] A vida do homem não é como uma roupa ou um objeto qualquer, cujo dono pode manter o velho e comprar um novo. […] A morte a que nos referimos aqui não é uma morte física, mas espiritual.” (p.75)

Acho que nada resume melhor a questão da entrega total de vida do que essa analogia. Como uma pessoa morre? Ela fecha os olhos e todos os músculos de seu corpo se relaxam. Todas as funções do corpo são interrompidas. Você olha para aquele corpo e claramente não tem mais ninguém ali dentro. A pessoa partiu e deixou o corpo para trás. Não vai se ofender nem se você falar mal dela na frente do caixão.

Ela não tem mais nada. Suas vontades, mágoas, invejas, amantes e comportamentos nocivos morreram com ela. Não tem mais casa, carro, dinheiro, posição social.

Da mesma forma, quando nos entregamos ao Senhor Jesus 100%, morremos para nossa antiga vida. Não apenas para as atitudes erradas que tínhamos, mas para tudo. Aprendemos a dizer “não” a atitudes e pensamentos que antes pareciam tão impossíveis de controlar.

É isso que acontece com quem “morre” espiritualmente falando: você não se importa em mudar sua maneira de pensar, de falar, de agir, de viver e de reagir. Você não se importa mais com essas coisas ou com o que tem, o que é ou o que vai ser. Está disposto a entregar todas essas coisas e deixar de querer fazer do seu jeito ou controlá-las. Você se rende. Você sacrifica seus traumas, suas mágoas, seus medos, afinal de contas, agora está morrendo e nada disso tem valor. Não se angustia pelo futuro, pois mortos não se preocupam com isso. Sabe que é o fim dessa jornada e que uma nova jornada está para começar. É assim que se morre para a velha vida.

Então, Deus vem com o Seu Espírito e nos faz nascer de novo. Nos dá nova vida. Novo caráter, novos padrões, novos valores. Porque morremos para nós mesmos, Ele tem espaço para entrar e gerar uma nova criatura no lugar daquela que você decidiu matar.

Quando eu era a velha criatura, pensei várias vezes em suicídio. A vida dentro de mim era tão insuportável que eu queria morrer. Até o dia em que me dei conta de que não queria morrer, queria viver de outro jeito. Queria ser feliz, ter paz e encontrar descanso para a minha alma. Como escrevi em um post, algum tempo atrás, a respeito da Vanessa de 18 anos:

“Aquela menina queria tanto morrer que conseguiu, da maneira mais inteligente possível. Hoje eu vivo no lugar dela, porque Ele vive em mim.”

#JejumdeDaniel #Dia4

 

Leitura complementar:

Por que não recebi o Espírito Santo?

Resenha do livro Somos todos filhos de Deus?

Abrindo mão da própria vida

PS: Medite um pouco sobre isso. Amanhã conversaremos mais a respeito.

PS2: Sobre o “Somos todos filhos de Deus?” — Já li esse livro umas duzentas vezes, mas quando você relê algum livro que leu há mais de um ano, percebe coisas que não percebeu na leitura anterior, porque a gente muda muito pelas experiências que passa em um ano (na verdade, seis meses depois a visão já é outra, nem precisa esperar um ano…).

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* Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .