Tudo é um grande treinamento

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Depois que você fica mais alerta e começa a monitorar sua cabeça para corrigir os erros de pensamento, é natural que o gremlin mude de tática e comece a criar situações diferentes com as quais você não sabe ainda lidar. Veja isso como um bom sinal, finalmente você está dando trabalho para ele! Antes, ele colocava os erros de pensamento em piloto automático e você sempre caía, feito um patinho.

Mas e como lidar com coisas que você ainda não sabe como lidar? Bem, o que você precisa saber é que essas coisas não são lá tão diferentes das coisas com que você sabe lidar. Você está dando trabalho para ele, mas ele não é muito criativo. Trabalha com aquilo que sabe que funciona dentro das reações que você costuma ter.

Veja tudo como um grande treinamento. Como provas de um reality show tipo “O Aprendiz” rs. O que você quer? Qual é o seu objetivo? O meu é me tornar uma pessoa melhor, agradar a Deus. Quero ser alguém com quem Ele possa sempre contar. Então, por exemplo, se estou sendo injustiçada, se as pessoas estão distorcendo as coisas a meu respeito, o que vai contar aqui é como vou reagir a isso.

Já que não podemos mudar as situações, vamos nos concentrar em nossas reações e objetivos. Qual reação vai me ajudar a alcançar meu objetivo? Ficar magoada ou me sentir injustiçada me ajuda a alcançar meu objetivo? Não. Pelo contrário, me afasta dele.

A partir do momento em que consigo identificar qual é a prova da qual estou participando, posso escolher a melhor reação que devo ter (e sacrificar todas as outras reações, mesmo as que tenho vontade de ter, as que seriam meu impulso inicial).

Sim, podemos escolher nossas reações. Ainda que seja difícil no começo, ainda que só comece a se dar conta e a mudar a sua reação depois de um tempo de reação errada, é possível mudar a direção e começar a acertar.

Controlando seus sentimentos e não se deixando guiar pelas sensações agora, você terá a satisfação de fazer o que é certo. Afinal, sentimento por sentimento, a sensação de saber que passou na prova e foi aprovado para a próxima etapa é infinitamente melhor.

 

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro. 

Adjetivite negativus aguda

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Identificando a voz do gremlin — Parte 3 

Além de serem centralizados no “eu” e de terem forte componente emocional negativo, outra característica importante de grande parte dos pensamentos prejudiciais é a presença de adjetivos negativos. Exemplo: horrível, terrível, insuportável, incapaz, impossível etc. Faz parte do drama. Ou é o material de construção do drama. Nem todos vêm com adjetivos, mas é muito comum que venham e já vou explicar por quê.

Adjetivite negativus é uma doença gravíssima (que eu acabei de inventar) que gera na pessoa uma compulsão por rotular tudo e todos com um adjetivo negativo desnecessário, deixando tudo pior do que já é.

Não foi simplesmente o atendente da lanchonete que trouxe com bacon o sanduíche que você pediu sem bacon. Foi o atendente burro da lanchonete horrorosa que trouxe com um bacon nojento o sanduíche que você pediu. A essa altura do campeonato, um problema que seria naturalmente ruim, já se tornou um desastre.

As coisas acabam sendo mais pesadas do que deveriam ser e esse é um tijolinho no grande edifício do estado de drama, da depressão, da ansiedade e da sensação generalizada de que nada nunca vai dar certo. E esses são alguns dos muitos estragos que essa doença causa na pessoa. Pensamento negativo gera vida negativa. 

Sem contar quando esses adjetivos negativos vêm relacionados a você mesmo: burro, inútil, idiota, incompetente, incapaz, inferior, etc. Só servem para colocá-lo para baixo e enfraquecer seu espírito. Vai por mim, você não precisa disso.

Vamos ao nosso amigo dicionário: 

Adjetivo: Palavra que modifica um substantivo, expressando uma qualidade, uma característica ou uma quantidade daquilo a que se refere.

Note que o adjetivo não é um elemento neutro. Ele modifica o substantivo. Algo que tinha um significado sem o adjetivo, adquire um novo significado com o adjetivo. Uma menina é apenas uma menina. Mas se você coloca um adjetivo, ele modifica a menina aos seus olhos e aos olhos da gramática: menina bonita é diferente de menina feia, que é diferente de menina burra, que é diferente de menina inteligente, que é diferente de menina ridícula, que é diferente de menina alta, etc. “Um carro” pode ser qualquer carro. Mas um carro azul é específico. E é diferente de um carro verde, que é diferente de um carro vermelho…

Adjetivos são assim, diferenciam as coisas, as pessoas e as situações. Eles podem ser negativos ou positivos, mas não acredito em adjetivos neutros. Carro azul é neutro? Depende do contexto. Se você gosta de azul, ele é melhor que um carro de outra cor. Mas se você não gosta de azul, ele é pior. Talvez a palavra “neutro” pudesse ser um adjetivo neutro. Mas se você pensar bem, quando eu digo que algo é neutro, de alguma forma é um rótulo que faz você enxergar esse algo de uma maneira específica, não?

Enfim, quando coloca um adjetivo, você dá ao adjetivado algo que vai fazer com que ele tenha um peso diferente do que teria sem o adjetivo. Adjetivos, em si, não são necessariamente ruins. Eles nos ajudam a definir melhor o mundo e, por isso, devem ser muito bem escolhidos. O problema não é o adjetivo, em si. O problema são adjetivos negativos utilizados sem critério (e quase compulsivamente) em nossas palavras ou pensamentos.

A adjetivite negativus é transmitida por picada de gremlin. Assim que o monstrinho que vive empoleirado no seu ombro começa a sugerir pensamentos negativos na sua cabeça e você os aceita como verdade, ele inocula um veneno que faz com que tudo comece a ser pintado com as cores que ele escolher.

Alguns pensamentos gremlinianos vêm recheados de adjetivos negativos justamente porque eles precisam modificar sua visão a respeito das situações, pessoas, eventos e de si mesmo. E, para modificar a visão (para o bem ou para o mal), o primeiro passo é modificar as palavras usadas para definir a coisa retratada.

Ao usar palavras negativas para definir algo, você direciona sua interpretação para o lado negativo — por isso é importante cuidar as palavras que saem da sua boca ou para as quais você faz um ninhozinho na sua cabeça. Você pode escolher quais vai manter e quais vai rejeitar.

O direcionamento de interpretação pode ser feito tanto por meio dos adjetivos negativos quanto pela presença de termos definitivos e generalizações. Mas isso é assunto para outro post. 🙂 .

Parte 1: Tudo eu

Parte 2: Pensamentos gerados por sentimentos.

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro.