Interpretando certo

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Há sempre mais de uma alternativa para interpretarmos as situações que nos acontecem, mas quando estamos viciados no padrão negativo, vamos no piloto automático e temos muita preguiça de pensar em outras possibilidades. Afinal de contas, é mais fácil e mais rápido fazer o que já estamos acostumados a fazer — e nosso cérebro trabalha em modo de economia de energia. Quanto menos esforço, melhor para ele. Então, a tendência natural da natureza humana é sempre buscar o caminho do menor esforço.

E minha teoria é que as emoções ativadas pelo gremlin têm como função induzir o cérebro da pessoa a esse estado de piloto automático. As emoções negativas e as ruminações sobrecarregam tanto o sistema que a pessoa (que nem sabe que tem um gremlin ali — a menos que leia este blog rs) não consegue reagir. A menos que leia este blog! Porque assim que você tem a consciência do que o gremlin está fazendo, tomou a pílula vermelha e não tem mais jeito. Pode — e deve — reagir.

Você quer uma nova vida. Quer uma nova mente. Então, vai quebrar essa tendência natural buscando o caminho do sacrifício. É mais difícil pensar em uma forma melhor ou positiva de interpretar aquela situação? É. Mas você sacrifica a preguiça mental e decide pensar o melhor de você, da situação e da outra pessoa.

Ela o tratou mal e sua vontade é pensar que ela te odeia porque você é irritante (pensando mal dela e de si mesmo) ou porque ela é invejosa, afinal de contas, você não fez nada (pensando mal dela e com pena de si mesmo)? Ou — pior — sua vontade é sair “desabafando” por aí sobre como tal pessoa é grossa e insensível (pensando mal dela, com pena de si mesmo e ainda falando mal dela).

Respire fundo e escolha a terceira interpretação: você não tem como saber o porquê (não tem mesmo! A menos que a pessoa lhe diga — e olhe lá!). Ela pode estar exausta, pode não ter dormido bem, pode estar passando por um problema muito sério com o qual não sabe lidar e acaba descontando nos outros. É melhor sempre partir do pressuposto de que todas as pessoas são boas. Ninguém quer ser ruim, ninguém quer errar. As pessoas erram porque não sabem lidar com as coisas.

Que tal olhar essa pessoa como alguém que está travando suas próprias batalhas e que talvez precise de ajuda? Assim, em vez de focar a sua reação em VOCÊ, dando espaço ao gremlin para ficar falando no quanto você foi desprezado por aquela pessoa, você vai focar nela, dando a ela a mesma compaixão que você gostaria de receber, pedindo a Deus que fortaleça essa pessoa e a ajude a lidar com as dificuldades que tem passado. Afinal de contas, você pode nem saber quais são essas dificuldades, mas Ele sabe. E talvez tenha colocado aquela pessoa no seu caminho para lhe mostrar alguém que precisa de sua ajuda — mesmo que seja em oração silenciosa.

 

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PS: Esse é um antídoto às lentes verdes do gremlin. É uma excelente forma de neutralizá-las e eliminá-las de vez. E uma excelente forma de ocupar seus pensamentos com algo realmente útil.

PS2: Para quem chegou agora: gremlin é como chamo o monstrinho que imagino sentado no ombro da pessoa, sugerindo pensamentos negativos. Sobre as lentes verdes, segue um resumo do post em que expliquei isso: os pensamentos gremlinianos induzem a um estado de drama que cria uma espécie de lente de contato verde (que é a cor do gremlin rs) que faz com que absolutamente tudo o que você vê se torne verde. Essa lente distorce tudo o que chega até você e carrega tudo com um drama que nem sempre existe (na verdade, na maioria das vezes não existe, mas parece muito que existe). É o que faz você se sentir a última das criaturas, incompetente, inútil ou a vítima indefesa de pessoas cruéis. A protagonista da sua novela mexicana pessoal.

Essas sentimentos moldam nossa forma de ver o mundo. Deixamos de ver o cenário real, com dados verificáveis, e criamos uma realidade paralela em que tudo é verde. Essas lentes interpretam o que os outros nos dizem, nos fazendo procurar sempre indícios daquilo que tememos (ou em que acreditamos) de modo a tentar confirmar nossos medos, dúvidas e crenças que o gremlin está tentando desesperadamente plantar em nossa cabeça.

As lentes verdes dadas pelo gremlin tentam encaixar tudo naquele cenário de caos que ele pintou. A partir do momento em que você duvida daquele monte de coisa verde (porque, por favor, né, amigo, como TUDO pode ser verde na vida?) o mundo de terror e drama montado pelo gremlin começa a ruir e você passa a usar sua inteligência para sair dessa armadilha. É o que temos feito nessa série “Renovando a Mente”.

PS3: Para ver todos os posts da categoria Renovando a Mente, clique aqui 

PS4: Eu REALMENTE ACHO que a pessoa vai ler SEIS parágrafos e um PS sem saber o que é gremlin e vai ficar ok em descobrir isso só no PS2 (e vai ler tudo, mesmo ele sendo praticamente outro post)! O otimismo Vanessístico é inacreditável hahahaha

Pensamentos gerados por sentimentos

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Identificando a voz do gremlin — Parte 2

Já falamos no post anterior sobre os pensamentos gremlinianos serem centrados no “eu”. A segunda característica é a presença de forte componente emocional negativo: medo, raiva, pena de si mesmo, sensação de estar sendo agredido, de não merecer (ou de merecer, mas com muita dor por ter merecido), insegurança…enfim, sempre há um sentimento negativo presente com bastante intensidade — e às vezes mais de um.

É essa emoção que alimenta o pensamento. Às vezes essa emoção é o que gera o pensamento. Por exemplo, você começa a pensar que nunca vai conseguir aprender a dirigir. Se você é uma pessoa que já sabe dirigir ou se você tem certeza de que uma hora vai aprender, o pensamento de nunca conseguir não vai ter espaço. No entanto, se você se sente inferior e inseguro e tem medo de, por isso, nunca conseguir aprender alguma coisa; então, esses sentimentos podem criar o pensamento de “nunca vou aprender a dirigir”.

Alguns até desistem porque não querem encarar a frustração que confirme o que tanto temiam. Dirigir é algo que você não pode fingir saber. Ou aprendeu ou não aprendeu. E lá vai você, que se sente uma fraude, ficar com medo de descobrir que não consegue aprender algo que não possa fingir que sabe.

Esse é um pensamento gerado por três sentimentos: insegurança, sentimento de inferioridade e medo. O pensamento, então, começa a ser alimentado pelo medo e, duvidando da sua capacidade, você não consegue prestar atenção ao que ensinam e faz tudo errado. O gremilin, então, aponta seus erros e o convence de que esses erros confirmam o pensamento de que você é incompetente demais para aprender a dirigir.

Transporte esse modelo para qualquer outra área da sua vida. Teste os principais pensamentos gremlinianos que atormentaram você e veja como sempre há mais sentimentos negativos do que raciocínio lógico. A pessoa parte de uma premissa falsa, baseada em uma emoção, e constrói toda uma cidade em cima dela. O problema é que, se a premissa é falsa, o fundamento é falso e toda a cidade é falsa. 

O gremlin dá uma sugestão que faz surgir um sentimento que gera um pensamento que gera atitudes que confirmam o pensamento. E a pessoa começa a viver uma realidade paralela, uma fantasia em que ela é um ser infeliz de quem ninguém gosta e para o qual tudo dá errado. Você precisa entender que está vivendo uma realidade falsa para começar a usar a lógica contra os pensamentos gremlinianos.

Por isso eu disse que é importante entender que você tem se hipnotizado há anos com esses pensamentos negativos e que, para fins de desintoxicação, o melhor é considerar como mentira TODOS os pensamentos que colocarem você para baixo. Tudo aquilo que vier acompanhado de sentimentos negativos está vindo para mantê-lo escravo dessa realidade negativa falsa que tanto tem tirado a sua paz. Mas felizmente agora o gremlin foi desmascarado e você tem recebido ferramentas para lutar contra ele, tomando as decisões no lugar em que elas devem, de fato, ser tomadas: na cabeça.

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro. 

 Se quiser entender melhor a referência, leia esses dois posts do Jejum de Daniel:

Dando crédito à voz do gremlin

O estado de drama e as lentes verdes do gremlin